ADM já rastreia 100% dos fornecedores de soja
A multinacional americana ADM, uma das maiores empresas de agronegócios do mundo, concluiu em 2021 a meta de rastrear 100% de seus fornecedores diretos e indiretos de soja no Brasil, na Argentina e no Paraguai, o que estava previsto para o fim deste ano, e antecipou de 2030 para 2025 o compromisso de contar com uma cadeia de suprimento 100% livre de desmatamento.
Segundo Diego Di Martino, líder de sustentabilidade da companhia na América Latina, já estão sendo monitorados, no total, entre 15 mil e 20 mil produtores nos três países - a grande maioria no Brasil -, com propriedades que têm, somadas, mais de 20 milhões de hectares. E as novas tecnologias disponíveis para isso estão facilitando o processo.
“Fazemos o monitoramento de maneira preventiva, com atenção especial para os fornecedores que estão em regiões de risco, lembrando que grande parte deles estão em áreas já consolidadas. E também monitoramos áreas em conversão”, afirmou Di Martino ao Valor. Tem sido cerca de 30 mil hectares a mais de soja por safra no Cerrado brasileiro, por exemplo, a maior parte em áreas já abertas.
Com as ferramentas tecnológicas à disposição, a ADM pode entender o que se passa dentro de uma propriedade sem depender de dados oficiais, mas isso não significa que essas informações sejam dispensáveis. Daí porque a empresa espera que sejam aceleradas no Brasil a análise e a validação dos Cadastros Ambientais Rurais (CAR) e que a fiscalização seja mais rigorosa, até para preservar o trabalho de quem está dentro da lei.
Estímulo à sustentabilidade
“Também temos participado de iniciativas setoriais para estimular a sustentabilidade da produção e em ações com o setor financeiro. É preciso ampliar os incentivos para beneficiar o produtor que não desmata e segue boas práticas”, diz o executivo. Nesse sentido, acredita Di Martino, o mercado de créditos de carbono é uma das alternativas que tendem a ganhar força. “Os produtores brasileiros também podem capitalizar melhor as técnicas de agricultura regenerativa que já usam, como o plantio direto”.
Paralelamente ao avanço do controle de sua cadeia de fornecedores na América do Sul, onde é uma das maiores originadoras e exportadoras de grãos, a ADM continua perseguindo outras metas globais que estabeleceu para reduzir o impacto de suas atividades no ambiente até 2035. Entre elas estão a redução de 25% das emissões de gases, a queda de 15% do uso de energia e a diminuição de 10% do uso de água, tendo como base os números de 2019.
Para fomentar essas e outras ações, a multinacional passou a contar com o reforço de um bônus de US$ 750 milhões, realçou Di Martino. A ADM encerrou o primeiro trimestre do ano com receita global de US$ 23,7 bilhões, ante US$ 18,9 bilhões no mesmo período de 2021, e lucro líquido de US$ 1 bilhão, 53,5% maior na comparação.
Fernando Lopes – Valor Econômico