Empresa compra óleo de cozinha usado para exportar
Se você é daquelas pessoas que não sabem o que fazer com o óleo de cozinha que sobra das frituras em casa, lá vai uma sugestão. Que tal vendê-lo? Campo Grande (MT) já conta com empresas especializadas nesse mercado. Uma delas é a Katu Oil que compra o produto usado para exportar. Seus fornecedores são estabelecimentos comerciais, escolas e cidadãos comuns que queiram vender o óleo de cozinha usado.
O sócio-gerente da empresa Caio Arakaki Gasparini, 24 anos, conta que a Katu Oil está em atividade há quatros e vem crescendo desde então. Já são 300 pontos de coleta, sendo que 95% dos locais de recolhimento são estabelecimentos comerciais, tais como restaurantes, bares, hamburguerias, casas de sushi e outros. “Neste mês de junho atingimos um recorde. Conseguimos comprar e vender 65 mil litros de óleo”, revela.
A empresa também compra o óleo recolhido pela campanha de educação ambiental De Olho no Óleo desenvolvida pela concessionária Águas Guariroba nas escolas de Campo Grande. Outra fonte são os fornecedores do interior do Estado que começam a se multiplicar. Eles próprios vêm até a Capital para entregar o óleo à Katu Oil. O valor pago é de R$ 0,50 por litro independente do cliente.
Porém, no caso dos estabelecimentos comerciais existe ainda uma segunda moeda de troca. “Há empresários que preferem produtos de limpeza. Neste caso, trocamos detergente ou álcool pelo óleo”, comenta o gerente. É a própria empresa que percorre os comércios parceiros para recolher o produto, poupando os empresários de gastos com deslocamento.
Todo o óleo comprado pela Katu Oil é vendido para uma empresa do Rio Grande do Sul que transforma o produto em ração. O óleo não segue viagem do jeito que chega à Katu. “Ele precisa ser filtrado para retirar restos de alimentos. É um processo bem simples. Peneiramos e depois armazenamos até o comprador vir buscar”, explica Gasparini.
O óleo de cozinha filtrado segue viagem até o Rio Grande do Sul em caminhões da empresa compradora. Por semana, cerca de 20 mil litros do produto são levados de Campo Grande até o Sul do Brasil. Apesar do recorde do mês de junho, a empresa ainda não está no limite de sua capacidade, já que poderia comprar, peneirar e armazenar por mês até 100 mil litros por mês.
Nas instalações da Katu Oil, vigora o cuidado ambiental. Toda água utilizada na limpeza da área de filtragem do óleo é captada das chuvas. A quantidade é mais do que suficiente. “A água escorre do telhado direto para as caixas de armazenamento. São dois recipientes com capacidade para três mil litros. Nunca precisamos usar água tratada”, explica. As garrafas pet nas quais chegam o óleo das escolas também são encaminhadas para a reciclagem.
Pessoas físicas interessadas em vender para a Katu precisam ir diretamente à sede empresa.
A Katu Oil, contudo, não está sozinha neste mercado. Há concorrentes antigos e outros que estão tentando se estabelecer. A Life Oil, por exemplo, trabalha nesse segmento há seis anos. Sempre que a coleta é realizada, a empresa também oferece uma bonificação em valores ou em produtos aos estabelecimentos comerciais.
"Esse óleo recolhido, uma parte é transformado em produtos de limpeza, o mesmo retorna para os estabelecimentos, e outra parte é enviado para usina de biodiesel", explica a proprietária Nodila Colla. Segundo ela, a Life Oil também mantém esquema de coleta em condomínios, escolas e residenciais.
Cultura de coleta
Na avaliação de empresários que atuam na área, Campo Grande ainda precisa desenvolver uma cultura de coleta de óleo. Nas escolas assistidas pela campanha De Olho no Óleo, o volume recolhido poderia ser maior se os estabelecimentos de ensino mantivessem ativos os pontos de coleta, após a gincana que arrecada litros do produto, o que não ocorre.
A própria Águas Guariroba se esforça para preservar a cultura do recolhimento, mas a atitude depende das escolas. Em 2015, a Katu Oil comprou 6,2 mil litros dos estabelecimentos de ensino participantes da campanha da concessionária de água; em 2016 a quantidade caiu para 2 mil e neste ano já são 2,5 mil.
Outra dificuldade para juntar o óleo é que há poucos ecopontos na cidade para a coleta. Há alguns anos, supermercados da cidade mantiveram pontos para recolhimento do material trazido pelos clientes, mas com o passar do tempo, acabaram desistindo por considerar custoso manter um funcionário responsável por essa atividade.
Atualmente, na região central de Campo Grande apenas o Mercado Municipal e a Feira Central recebem o óleo de cozinha usado levado por seus clientes.