Acelen e UFV assinam acordo de R$ 5,7 mi para pesquisa com macaúba
Os planos da Acelen de investir pesado para viabilizar o plantio comercial da macaúba estão ganhando substância. Na última semana, a empresa que controla a Refinaria de Mataripe assinou um acordo com a Universidade Federal de Viçosa (UFV) com a meta de acelerar desenvolvimento de pesquisas relacionadas ao cultivo da macaúba. O acordo prevê que petroleira invista R$ 5,7 milhões ao longo dos próximo cinco anos.
A palmeira nativa do Brasil tem potencial para competir em termos de produtividade de óleo por hectare plantado com o dendê. Hoje, o dendê – ou palma-de-óleo – é a maior fonte de óleo vegetal do mundo respondendo por quase 40% da produção mundial na temporada 2022/23. Muito afrente da segunda colocada – a soja com 27,1%.
Pioneirismo
O Departamento de Agronomia (DAA) da UFV vem trabalhando há quase 2 décadas na domesticação da macaúba tendo construído o maior banco de germoplasma do mundo para a espécie. Em 2015, a universidade chegou a patentear um processo para a produção de sementes pré-germinadas da planta.
Desde 2021, a UFV integra a AcroAlliance que reúne pesquisadores do Instituto Agronômico (IAC) e do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) com profissionais da Universität Hohenheim e o Fraunhofer-Institut, ambos da Alemanha.
O projeto que será apoiado pela Acelen é coordenado pelo engenheiro agrônomo e professor do DAA/UFV Leonardo Duarte Pimentel. Chamado Macafuel, a pesquisa pretende transpor para plantios de escala comercial conhecimentos que já vinham sendo consolidados em áreas menores. O objetivo é determinar as variedades da planta a serem cultivadas em diversas regiões do Brasil e em outros países sul-americanos e fechar um pacote tecnológico para o cultivo.
Segundo o pesquisador, a macaúba permitirá associar a produção de grandes volumes de óleo vegetal com a produção de serviços ambientais. “A macaúba é uma planta com produção muita alta de óleo (até 4 mil litros por hectare). Por se tratar de um cultivo florestal, possibilita o sequestro de carbono em grande escala, que, por sua vez, também é um produto comercializável no mercado global. E é isso o que a Acelen e o mundo estão buscando”, lembra Leonardo.
Biorrefinaria
Os investimentos da Acelen em macaúba fazem parte do projeto anunciado pela empresa há cerca de dois meses para instalar na Bahia uma biorrefinaria com capacidade para fabricar até 20 mil barris/dia de diesel verde e biocombustíveis de aviação que terão como destino principal o mercado externo.
A meta é que a nova planta comece a produzir até 2026. Os investimentos no projeto devem chegar somar até R$ 12 bilhões nos próximos 10 anos.
Desse total, entre R$ 2 e R$ 3 bilhões deverão ser investidos em ações relacionadas à pesquisa e desenvolvimento da macaúba. Segundo o vice-presidente de relações institucionais da Acelen, Marcelo Lyra, disse em entrevista recente à agência epbr a aposta na macaúba é para a segunda etapa do projeto da biorrefinaria.
Inicialmente, a planta deverá operar com óleo de soja. Os volumes envolvidos, no entanto, tornam desafiador o uso exclusivamente de soja. “Esse projeto teria um impacto potencial desse projeto no mercado de óleo de soja seria de aproximadamente 7% a 8% do volume [fabricado]. Não é pouco!”, comenta.
A macaúba entraria na equação cerca de três ou quatro anos depois do start da biorrefinaria. Entre as vantagens que o executivo lista para espécie está seu rendimento energético de cinco e sete vezes superior ao da soja; além de consumir menos água abrindo mais possibilidades de áreas de cultivo. “O fruto [da macaúba] tem diversas outras partes que podem ter usos interessantes na alimentação animal e até na alimentação humana. São produtos que também serão importantes dentro do conceito de uma unidade integrada”, complementa informando que a meta é cultivar cerca de 200 mil hectares de macaúba.
Fábio Rodrigues – BiodieselBR.com