UE ignora controvérsia e aprova certificado para o óleo de palma
A Comissão Europeia tornou pública nessa terça-feira (27) que vai endossar as certificações emitidas dentro dos critérios definidos pela Mesa Redonda do Óleo de Palma Sustentável (RSPO, sigla em inglês). Isso qualifica os biocombustíveis feitos com palma de óleo certificada para receber subsídios oferecidos pelo bloco. O produto tem sido muito criticado por grupos ambientalistas europeus.
"O óleo de palma está conduzindo ao desmatamento, à perda de vida selvagem, aos conflitos de uso da terra com a comunidade além de acelerar a mudança climática. Ao invés de ’esverdear’ o óleo de palma, a União Europeia (UE) deveria proibir completamente a sua utilização como biocombustível", disse Robbie Blake, ativista da Amigos da Terra Europa.
A preocupação de que alguns tipos de biocombustíveis mais criam problemas do que resolvem levaram a uma mudança política importante em setembro, quando o Executivo da UE anunciou uma proposta para limitar a quantidade de biocombustíveis de primeira geração – feitos a partir de culturas alimentares –, considerados como responsáveis por causar impactos nos preços das commodities alimentares, além de fomentar o desmatamento e a drenagem de pântanos. O objetivo é incentivar o avanço da segunda geração de biocombustíveis feitos a partir de resíduos agrícolas ou de algas.
Estudos da própria Comissão Europeia indicam que o biodiesel feito de óleo de palma tem as emissões de gás carbônico mais altas do que qualquer outro biocombustível quando considerado o fator ILUC (que calcula as emissões provocadas pela mudança indireta do uso da terra).
Uma porta-voz da Comissão, Marlene Holzner disse que o projeto da RSPO foi julgado como "adequado". Ela acrescentou que a Diretiva de Energias Renováveis já proíbe a destruição de florestas para produzir óleo de palma ou outras culturas de biocombustíveis.
A RSPO é uma associação de centenas de produtores de óleo de palma e organizações não governamentais ambientalistas que trabalham com nações produtoras do óleo de palma, como Indonésia e Malásia.
Atualmente, a Mesa Redonda está realizando uma consulta pública sobre os padrões do óleo de palma, com o objetivo de rever princípios e critérios para empresas e organizações. Os participantes afirmam que o tempo é apertado, mas ainda é possível reparar os danos.
Mercado aquecido
Apesar de todas as controvérsias, o óleo de palma pode ser a commodity agrícola com o melhor desempenho em 2013, com o reaquecimento da demanda após as quedas de preço deste ano. Afirmou nesta terça-feira (28) o Rabobank International em seu relatório anual.
A tonelada do óleo de palma pode ser negociada US$ 884 no quarto trimestre de 2013, em comparação com uma média de US$ 772 neste trimestre, disseram os analistas.
Patrícia Herman - BiodieselBR.com
Com informações: Reuters, Bloomberg, Eco-business