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Pesquisador melhora genética e cria mamona resistente a pragas


Rede Bom Dia - Sorocaba - 29 nov 1999 - 22:00 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:22

Estudo da Unesp de Botucatu propõe combater doenças como fuzarioze e mofo cinzento.

Uma pesquisa de doutorado em agricultura da Unesp de Botucatu está obtendo os primeiros resultados de um tipo de mamona resistente a doenças.

O estudo de Carlos Alberto Rauer Demant, 28 anos, corre paralelo ao projeto de melhoramento genético desenvolvido há cinco anos por pesquisadores da Unesp (Universidade Estadual Paulista).

O objetivo do grupo é conseguir um híbrido com tamanho adequado que permita a colheita manual. As plantas resistentes serão cruzadas com as híbridas, já obtidas há dois meses pelo projeto.

O foco da pesquisa está nas duas principais doenças com grande incidência no Estado. O Botryquis, conhecido popularmente como mofo cinzento, que ataca e não deixa ela se formar, e a fuzarioze, que murcha e diminui a produção.

Uma das razões para o trabalho é permitir que a planta dispense defensivos agrícolas e possa combater as pragas sozinha. "Isso diminui o custo e aumenta a produtividade", diz o pesquisador.

Demant acredita que, com a mamona resistente, em cerca de dois anos conseguirá a híbrida resistente para comercialização.

Segundo o agrônomo do departamento de sementes da Cati de Bauru, José Geraldo Carvalho, a mamona é importante para a economia do País. "Ela substitui o petróleo. É uma alternativa para grandes áreas com a rotação de cultura".

Indústria exigiu pesquisa
A necessidade de criar uma mamona híbrida para colheita mecânica é uma exigência do mercado, segundo o coordenador do projeto de melhoramento genético da Unesp de Botucatu, Maurício Dutra Zanotto.

As indústrias privadas encomendaram tecnologia que pudesse produzir uma planta em larga escala, com tempo de cultivo reduzido e que eliminasse a mão-de-obra humana. "Hoje no Brasil só é viável produzir mamona com um baixo custo e grande produção. Só assim para competir com países como Índia e China, que atualmente são os maiores produtores mundiais", afirma.

Um produto híbrido é obtido através do cruzamento de duas linhagens puras, geneticamente distintas. "De 100 cruzamentos, um ou dois resultados servem", afirma Zanotto.

Na plantação experimental da Unesp de Botucatu existem 250 híbridos.

O projeto é financiado pela Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e indústrias privadas com interesse comercial. Conta também com o apoio da Cati (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral).

Da mamona se extrai óleo, usado na produção de tintas, batom, cosméticos, lubrificantes, plástico, detergentes e próteses humanas.

Produção é pequena na região Noroeste
A pouca produção de mamona na região de Rio Preto se justifica pela falta de indústrias interessadas no produto final, o óleo.

Segundo o chefe da Casa da Agricultura de Rio Preto, José Azevedo Soares, a região é extremamente propícia para a cultura.

“Aqui dá mamona até em beira de estrada. O clima e a terra são bons para a plantação, mas não há quem compre”, afirma Soares.

Assentado planta mamona em Bauru
O Assentamento Terra Nossa, localizado no bairro Aimorés, em Bauru, planeja colher 10 toneladas de mamona em março.

A intenção dos agricultores é comercializar a mamona para o processamento de biodiesel. “Assim esperamos conseguir um preço melhor pelo produto”, explica o produtor Celso Costa.

Na última colheita, em setembro de 2005, os assentados já comercializaram uma tonelada do produto.

Valorização
Em setembro, os assentados venderam a mamona a R$ 0,88 o quilo. Agora esperam comercializar a produção a R$ 1,10 o quilo.

“Temos uma mamona de boa qualidade para atingir esse preço. Já temos algumas ofertas, mas ainda não decidimos para quem vamos vender a produção”, aponta Costa.

O assentamento abriga 108 famílias que, além da cultura da mamona, se dedicam ao plantio de feijão, milho e abóbora