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Pesquisa asiática será usada na mamona do CE


Diário do Nordeste - 29 jul 2009 - 06:39 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:09

Com produtividade extremamente baixa — em média 400 quilos por hectare (kg/ha) — a mamona continua sendo o maior gargalo do Programa Biodiesel do Ceará, que integra o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel do governo federal. Na tentativa de reverter o problema, o Governo do Estado quer trazer, no próximo ano, pesquisadores da Ásia para iniciar, em solo cearense, testes de novas cultivares da oleaginosa, com alta performance já comprovada em outros países.

“O gargalo da mamona é a genética. É preciso formar um núcleo pesado para atrair empresas que trabalhem com material genético”, afirma o coordenador de Agronegócio da Agência de Desenvolvimento Econômico do Ceará (Adece), Francisco Zuza de Oliveira.

“A Bio Centro, empresa da Ásia, vai trazer em janeiro materiais híbridos e de sequeiro para testar no Ceará”, diz ele, acrescentando que uma pesquisa intensiva na área pode dar resultados em quatro anos.

Agropacto
Zuza foi um dos participantes da reunião do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense (Agropacto), realizada ontem pela manhã, no auditório da Superintendência do Banco do Brasil, em Fortaleza. De acordo com ele, na Ásia, a mamona apresenta rendimento de até cinco toneladas por hectare. “Há países que produzem 3 t/ha com 400 milímetros de chuva, em um ciclo de quatro meses”, comenta.

Para viabilizar o biodiesel no País, a oleaginosa precisa ter produtividade média de duas mil toneladas por hectare. “Menos do que isso, o resultado econômico-financeiro não é o esperado”, completa, acrescentando que um projeto da envergadura do biodiesel tem engenharia de 10 anos. “Temos que fazer esforço conjunto para melhorar nosso material genético, dando mais segurança ao agricultor, sustentabilidade econômico-financeira, pois sem isso, ele não se estimula e quem decide o que plantar é ele”.

Em Israel, produtores rurais estão fazendo experimentos com biocombustíveis a partir da mamona. A meta é audaciosa: conseguir uma produtividade de 10 mil kg/ha irrigado, segundo o titular da Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), Camilo Santana. “Se Israel está pesquisando, é porque há um caminho promissor”. Lá, existem 230 espécies de mamona em campo, com pesquisas financiadas até pela Petrobras.

Insumos
Outro entrave ao programa de biocombustível no Estado é a falta de matéria-prima local (insumos químicos) para composição do óleo combustível nas duas unidades existentes no Estado — em Quixadá, da Petrobras, e em Crateús, da Brasil Ecodiesel. Segundo João Augusto de Araújo Paiva, gerente da Unidade de Biodiesel de Quixadá, 90% dos insumos vêm de São Paulo. “Há um pólo produtor no Maranhão e Piauí mas, de certa forma, o Ceará sai penalizado”, diz.

A Petrobras — parceira do Estado no fornecimento de sementes de mamona e girassol e na contratação de assistência técnica para os produtores — quer que todo o suprimento da usina venha do Ceará. “Temos uma cadeia de fornecedores de produtos e serviços e queremos ampliá-la”, completa.

Samira de Castro

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