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Com insucesso da mamona Petrobras aposta no girassol


Diário de Natal - 05 mai 2008 - 07:11 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:06

Em Guamaré, está instalado o Núcleo de Energias Renováveis, campo de testes para os experimentos realizados pelo Centro de Pesquisas da Petrobras (CENPES) que atende às demandas tecnológicas da companhia.

A Petrobras se esforça em três áreas de ecoeficiência, trabalha na produção de biodiesel, na geração de energia eólica e solar, e no aproveitamento da energia geotermal, calor proveniente da Terra, utilizada pela empresa no Campo de Ubarana. O biodiesel é a tecnologia em maior desenvolvimento no RN. Desde 2004, a Petrobras investe no biodiesel. A mamona foi a matéria-prima escolhida de início porque apresentava vantagens de cultivo em regiões com poucas chuvas e ainda poderia ser plantada em sistema de consórcio com outras culturas como feijão, mandioca e milho, que servem à alimentação diária.

A proposta era beneficiar os pequenos produtores rurais que poderiam vender, através de associações, sua produção diretamente para a Petrobras. O governo do estado lançou o Programa do Agronegócio da Mamona através do Instituto de Assistência e Extensão Rural do RN (Emater) e Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Pesca, que firmaram parcerias com o Banco do Nordeste, Banco do Brasil e com a Empresa de Pesquisa do Estado do RN (Emparn). O programa buscou incentivar os pequenos agricultores a plantar de início 10 mil hectares de mamona, com uma previsão de que este número chegasse a 40 mil hectares em 2007. 28 municípios foram selecionados, mas os agricultores tiveram experiências inesperadas com a mamona. A cultura local da diversificação no campo incluía a criação de pequenos animais como as cabras que acabavam comendo as folhas da mamona que possuem rícino tóxico. Os animais começaram a morrer e os agricultores, que não conseguiam efetivar um sistema de controle, acabaram desanimados com o plantio. Historicamente, a partir de 1914, o trabalhador rural se acostumou com o algodão e não ficou muito convencido em abandonar uma cultura que já domina por outra que apresentava problemas e exigia mais cuidados. Deveria-se procurar uma alternativa para o problema.

"Verificamos com a Embrapa e a Emparn a possibilidade de se optar pelo girassol que tem uma semente com um bom teor de óleo, e poderia ser usado na produção de biodiesel junto com a mamona, bastava uma adaptação das atuais plantas instaladas no Pólo Industrial de Guamaré", diz Fernando Ribeiro. O girassol é uma planta com um ciclo curto de 90 dias, desde o plantio até a extração, pode ser consorciado com a com a piscicultura (substitui a soja e o milho na alimentação dos peixes), sua folhagem serve de comida para o gado, propicia a apicultura e, depois de processadas, suas sementes viram uma torta que também pode alimentar os rebanhos. A Embrapa Roraima vem desenvolvendo estudos com cultivares de girassol desde 2000 e chegou a resultados de produção entre 1,4 a 3,4 toneladas por hectare plantado e teores de óleo entre 38 e 55%. O girassol tem um cultivo econômico, rústico que não requer maquinário especializado e se adapta perfeitamente a condições de solo e clima pouco favoráveis, da mesma forma que a mamona. "Não queremos deixar a mamona de lado, mas, pelas vantagens que apresenta, estamos mais propensos a priorizar o girassol. Vemos que o agricultor também está mais satisfeito com esta cultura", afirma Fernando Ribeiro.

Nestes 4 anos, as plantas de produção de biodiesel da Petrobras em Guamaré produziram experimentalmente e por batelada, o que significa que devia-se encher o reator com as bagas da mamona para que ele reagisse e, seguidamente, retomar a operação. A partir deste ano, a produção passa a ser contínua o que permite uma capacidade de produção de 18 mil toneladas de biodiesel por ano, mais do que suficiente para abastecer três estados nordestinos. O problema é que, para atingir este número, a Petrobras precisa de uma grande quantidade de oleaginosas e a estimativa aponta para áreas de plantio no RN entre 40 e 50 mil hectares. "Com sorte, chegaremos aos 13 mil hectares este ano", revela Fernando Ribeiro.

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