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União Europeia

UE descarta planos de limitar biocombustíveis de 1ª geração


BiodieselBR.com - 21 nov 2012 - 09:39
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A Comissão Europeia não tem planos de “limitar a produção e o consumo” dos biocombustíveis de primeira geração a medida em que revisa sua políticas de energias renováveis. A informação veio da Diretoria Geral de Energia da Comissão Europeia cujo chefe, Hans van Steen, afirmou que os limites se restringiriam aos incentivos dados pelos países-membros à indústria.

"Não estamos propondo limites à produção e consumo de biocombustíveis feitos de commodities agrícolas. O que propomos é limitar os incentivos. Há uma diferença”, disse van Steen nessa terça-feira (20) durante um evento em Londres. Segundo ele, isso significa que os países não terão que diminuir a mistura compulsória de combustíveis renováveis nos fósseis, mas que misturas maiores que as metas não terão qualquer serventia em relação aos mandatos ambientais determinados pela União Europeia.

Em outubro, veio a tona a informação que a Comissão estaria analisando uma proposta que previa limitar o uso de biocombustíveis fabricados com tecnologia de primeira geração a 5% da energia consumida do segmento de transportes. Uma meta assumida pelo bloco europeu em 2009 estabelecia uma meta de 10% de mistura. A proposta também eliminaria qualquer subsídio dado a biocombustíveis que fossem feitos a partir de produtos agrícolas que também tivessem finalidades alimentares.

A proposta segue na esteira de uma série de polêmicas relacionando o aumento no consumo de biocombustíveis com os aumentos dos preços dos alimentos e com o crescimento no desmatamento. Um estudo do Instituto Internacional de Pesquisas em Políticas Alimentares da UE sinalizava que os ganhos ambientais dos biocombustíveis em termos de reduções nas emissões de gases do efeito estufa eram neutralizadas quando se levava em conta as mudanças no uso da terra causadas pela expansão dos plantios energéticos.

“Os modelos [para calcular as emissões da mudança indireta no uso do solo] melhoraram nos últimos cinco anos, mas ainda têm incertezas significativas. Ainda não temos conhecimento o bastante para medir o impacto de forma precisa”, disse van Steen acrescentando que já se sabe o bastante para poder afirmar com segurança que os biocombustíveis de 1ª geração têm impacto negativo. “Queremos mandar um sinal ao mercado sobre onde os investimentos devem ser feitos”, disse o político.

A nova proposta vai incentivar a produção de biocombustíveis a partir de rejeitos agroindustriais ou de variedades não alimentares de forma a reduzir a competição por solos. Biocombustíveis que atendem a esses critérios contarão mais do que os de primeira geração.

Segundo o representante da Abengoa – fabricante espanhola de biocombustíveis –, Thomas Gameson, disse que a UE não vem dando os incentivos corretos à tecnologia de segunda geração. “A indústria se move em função das políticas que apoiem ou desencorajem a produção. No momento, não temos segurança para que o setor invista em projetos dispendiosos”, comentou acrescentando que as companhias levariam cerca de uma década para recuperar seus investimentos. “É tempo demais durante o qual a gente não pode ter uma reviravolta política”, diz.

O setor tem criticando a proposta da Comissão Europeia sob o argumento de que ele pode anular anos de trabalho e investimentos da atual indústria de biocombustíveis.

A Europa não tem usinas que fabriquem biocombustíveis de segunda geração em larga escala.

Guilherme Kfouri - Platts
Tradução e adaptação BiodieselBR.com