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União Europeia

Expectativa é de mais fechamentos de usinas na União Europeia


BiodieselBR.com - 08 fev 2012 - 12:09 - Última atualização em: 27 fev 2012 - 00:17

Mais usinas de biodiesel devem fechar as portas na União Europeia (UE) em 2012. Entre os motivos, a concorrência das importações mais baratas, o custo alto das matérias-primas e a incerteza de incentivos políticos depois que as credenciais ambientais do biodiesel foram colocadas em xeque.

Após uma década de rápida expansão, a produção recuou e várias usinas foram desativadas em 2011. Uma maior consolidação da indústria é esperada para este ano.

“Os desafios enfrentados no ano passado continuam a existir em 2012”, diz o analista Claus Keller, da F.O. Licht. Com o mercado global de óleos vegetais aquecido, o custo das matérias-primas manteve-se alto e várias usinas foram fechadas, o que empurrou a taxa de ocupação na União Europeia para menos de 50%, acrescenta Keller.

Susan Hansen, analista do Rabobank, citou o excesso de capacidade e o preço baixo das importações da Argentina e da Indonésia como as principais ameaças à indústria europeia em 2012. “A consolidação da capacidade vai continuar, já que a importação de biodiesel da Argentina e da Indonésia vem crescendo tanto quanto no ano passado”, diz.

A indústria de biodiesel da União Europeia é liderada por Alemanha e França, ambos grandes produtores de colza, usada para fabricação de combustível renovável. Na sequência vêm Espanha e Itália, países onde os custos podem ser maiores, graças à pesada dependência de matérias-primas importadas, como o óleo de colza e de palma.

 * Baixo custo das importações afeta produção na Itália e na Espanha
* Oferta pequena de óleos vegetais é mais um entrave para a indústria
* Ocupação das usinas está abaixo de 50% na União Europeia

“Algumas das grandes usinas alemãs e francesas, de empresas de agronegócio bem estabelecidas, estão operando com alta ocupação. Fábricas menores na Alemanha, que costumavam abastecer o segmento B-100 (biodiesel puro), estão inoperantes há anos”, diz Keller. “Mas a situação é bem mais catastrófica na Itália e na Espanha, onde as usinas são afetadas por importações subsidiadas de biodiesel da Argentina e da Indonésia.”

Importações mais baratas
Na Itália a produção de biodiesel caiu 29% no ano passado, sob o impacto da entrada de volumes cada vez maiores de biodiesel importado mais barato. A perspectiva para 2012 é enublada pela expectativa de um grande volume de importações e de uma demanda interna pequena após o aumento no imposto sobre combustíveis automobilísticos.
 
Na Espanha, operadores de pelo menos 40% da capacidade nacional, de 4,3 milhões de toneladas por ano, admitem que suas usinas estão inativas. Fontes da indústria dizem que o índice de ociosidade pode chegar a até 85%. A Asociación de Productores de Energías Renovables (Appa) manifestou repetidos protestos de que os produtores espanhóis não têm como competir com as importações de biodiesel vindo da Argentina e da Indonésia, que segundo o órgão se beneficiam de isenções tributárias desleais.

O biodiesel é geralmente feito de óleos vegetais tais como o de colza, palma e soja, mas também pode ser produzido a partir de descartes como o óleo de cozinha usado. A produção cresceu rapidamente nos últimos anos, liderada pela União Europeia. O volume fabricado pelo bloco atingiu um pico de 9,6 milhões de toneladas em 2010, partindo uma década antes de pouco mais de 1 milhão de toneladas, de acordo com dados da Associação Europeia do Biodiesel (EBB).

O suporte estatal para a expansão, que incluiu incentivos fiscais e misturas obrigatórias, foi motivado pelo desejo de reduzir o uso de combustíveis fósseis e cortar emissões de gases de efeito estufa, que contribuem para as mudanças climáticas.

No entanto, esse apoio declinou após a divulgação de um estudo provisório da UE demonstrando que o cultivo de colza para a fabricação de combustível para transporte é pior para o clima do que o diesel convencional – descoberta esta que foi contestada pela indústria.

Clima tenso
Com um crescimento pífio nas vendas, a indústria de biodiesel da Alemanha pode encolher mais em 2012, declarou à Reuters em janeiro o executivo-chefe da VDB (associação dos produtores alemães), Elmar Baumann. Dois fabricantes alemães de biodiesel declararam falência em 2011, e quase metade das 49 usinas de biodiesel do país estão insolventes ou com a produção paralisada, segundo a associação.

“Os ânimos no setor continuam tensos. A consolidação entre os produtores de biodiesel ainda não chegou ao fim”, disse Baumann.

Gigante francesa do biodiesel, a Diester Industrie, que trabalha com óleo vegetal, reduziu sua produção em 15% no ano passado, por conta principalmente de um sistema local que favorece o biodiesel feito de óleo reciclado, segundo o executivo-chefe da companhia. A empresa espera um cenário um pouco melhor em 2012 com a entrada em vigor de uma nova regulação francesa que deve limitar o uso de óleos reciclados para fabricação de biodiesel.

“Vai aumentar [a produção francesa], mas acho que vai ficar abaixo de 2009 e possivelmente de 2010, e também abaixo da produção alemã”, diz Keller, da F.O. Licht.

A contagem dobrada foi introduzida para refletir o maior potencial de cortes nas emissões que representa o uso de matérias-primas recicladas em comparação com o uso de óleos vegetais virgens (não usados).

O mecanismo encorajou fabricantes de biodiesel britânicos, como a Greenergy, a migrar quase por completo para produtos descartados, como o óleo de cozinha usado. A usina da Greenergy em Immingham, na Inglaterra, foi projetada para usar óleos vegetais, mas nos últimos dois anos a empresa construiu unidades de pré e pós-tratamento da produção, o que lhe permitiu o uso de descartes como o de óleo de cozinha.

Nigel Hunt
Fonte: Reuters
Tradução: BiodieselBR.com
Tags: Europa