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Argentina

Quanto dura o fôlego do biodiesel argentino?


BiodieselBR.com - 22 jun 2012 - 15:13
kirchner220612
Embora o governo argentino venha se esmerando para tentar manter as aparências, uma reportagem publicada em fevereiro pela “The Economist” revelou que a Casa Rosada vem sistematicamente maquiando os dados sobre a economia do país. Com a situação econômica dos vizinhos se deteriorando, fica a dúvida de até quando a indústria de biodiesel da Argentina vai conseguir manter seu atual ritmo de crescimento.

Enquanto os índices oficiais apontam para uma inflação moderada de 9,7% ao ano, levantamentos paralelos feitos pela Univesidade Torcuvato Di Tella indicam que o número real deve estar entre 25% a 30%. No começou deste mês os portenhos iniciaram um onda de protestos contra as políticas econômicas da presidente Cristina Kirtchner e a Confederação Geral do Trabalho (CGT) – um dos maiores sindicados do país – convocou para a próxima quarta-feira (26) uma greve geral.

A impopularidade da presidente é particularmente aguda no setor agrícola, que nunca aceitou bem as elevadas taxas e limites impostos à exportação de vários produtos primários. Em 2008, o setor agrícola protagonizou uma série de protestos que chegaram a desestabilizar o governo.

Apesar de impopulares entre os fazendeiros, as taxas elevadas sobre a exportação de soja em grão contribuem para segurar a matéria-prima dentro do país, tornando mais barato seu processamento. Somado a taxas regressivas para produtos industrializados, isso permitiu à Argentina construir uma das mais pujantes indústrias de biodiesel do planeta quase da noite para o dia. No ano passado, a capacidade produtiva instalada chegou a 2,5 milhões de toneladas. Em 2010, a produção chegou a 1,5 milhão de toneladas de biodiesel dos quais 77% foram embarcados para o exterior, em especial rumo a Europa.

Os preços do biodiesel argentino eram imbatíveis para os fabricantes europeus. A Associação de Produtores de Energias Renováveis da Espanha chegou a declarar que a indústria de biodiesel havia entrado em “fase terminal”.

A Argentina também tem aumentado seu consumo interno de biodiesel. A mistura obrigatória de biodiesel em todo o óleo diesel consumido no país se tornou obrigatória em 2010 com a introdução do B5. Naquele mesmo ano a mistura seria ampliada para 7% e, atualmente, o governo já pensa em adotar o B10.

Esse cenário favoreceu a ampliação de investimentos na indústria nacional de biodiesel e de esmagamento de soja. Pesos pesados como a Cargill, a Louis Dreyfus e a Noble anunciaram investimentos milionários na industrialização da soja argentina.

Um ponto que pode marcar a virada dessa maré favorável foi a estatização da petroleira YPF que pertencia ao grupo empresarial espanhol Repsol. Foi o que bastou para que o governo da Espanha aprovasse uma medida barrando a entrada do biodiesel argentino em seu mercado com outros países da União Europeia ensaiando a adoção de medidas similares. A disputa deverá ser arbitrada pela à OMC a pedido da Argentina.

O resultado das incertezas econômicas e desta disputa com a Europa deve definir o ritmo de evolução deste biocombustível no país vizinho.

* Texto baseado nas informações do Biofuels Digest.
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