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Argentina

O que muda para a argentina com a alta do imposto sobre o biodiesel


BiodieselBR.com - 15 ago 2012 - 10:50 - Última atualização em: 29 nov -1 - 20:53
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Na sexta-feira (08) passada o governo Argentino surpreendeu ao aumentar os impostos incidentes sobre as exportações de sua bem-sucedida indústria de biodiesel. Passando por um mau momento em sua economia, a Casa Rosada espera fortalecer sua arrecadação em aproximadamente US$ 150 milhões apenas com essa medida.

O golpe foi forte. O produto com destino ao mercado internacional que antes pagava 20% vai passar a pagar 32% de “retenções” – sem contar que um rebate de 2,5% também foi descontinuado. Isso deve deixar o biodiesel feito na Argentina menos atraente para os compradores externos e coloca em dúvida a performance financeira das usinas. Apesar dos contratempos relacionados ao mercado espanhol, a expectativa do setor produtivo era que as vendas externas encerrassem o ano mais ou menos no mesmo patamar de 2011 quando o faturamento foi de aproximadamente US$ 2 bilhões. 

Há anos o governo argentino usa uma política de taxas diferenciadas de exportação para segurar a soja em grão no país e, dessa forma, estimular a indústria local de processamento. Para ser enviada ao exterior in natura, a soja argentina paga 35% de impostos. A nova regra muda esse cenário.

Mais barato
Essa não foi a única má notícia que as usinas do país vizinho receberam. O preço que as distribuidoras pagam pela tonelada de biodiesel no mercado interno sofreu um corte de quase 15%. Em junho, o preço do biodiesel havia sido fixado pela Secretaria de Energia do governo argentino em 5.195 pesos por tonelada (R$ 2.285 no câmbio de hoje), o novo preço será de 4.405,3 pesos (R$ 1.938). O país mistura 7% de biodiesel em todo o óleo diesel que consome, o que representa uma demanda próxima a 800 mil toneladas anuais.

Segundo o jornal portenho El Cronista, as usinas calculam que o preço menor diminuirá seus ganhos em aproximadamente US$ 120 milhões nos meses que ainda faltam para encerrar o ano. Já há empresários prevendo cenários apocalípticos para a indústria do país – em especial as usinas de pequeno e médio portes. “A partir de amanhã as usinas vão começar a fechar”, disse ao jornal o presidente da Câmara de Pequenas e Médias Empresas de Energia e Biocombustíveis (Cepeb), José Martínez Justo. 

Na leitura dos pequenos empresários do setor, as empresas não verticalizadas que já vêm amargando dificuldades em função da cotação elevada da soja, agora terão poucas chances de permanecer no ramo especialmente em função dos preços menos remuneradores no mercado interno. “As empresas investiram muito nesses anos e o novo preço nos deixa fora do negócio, lamentou publicamente o presidente da Cepeb. Desde a aprovação do marco regulatório do biodiesel na Argentina em 2006, foram investidos US$ 1 bilhão para a construção de 30 unidades produtivas que, juntas, possuem capacidade de fabricar até 3 milhões de toneladas por ano. Mais 13 unidades produtivas estão em projeto o que deverá praticamente dobrar a capacidade instalada.

Fechada
Uma usina de biodiesel localizada nas imediações de Buenos Aires anunciou ontem (14) sua saída do mercado. A unidade fechada chama-se Aripar Bio e tem capacidade de fabricar 50 mil toneladas anuais, segundo seu presidente, Carlos Paredes, o anúncio governamental pesou na decisão de sair do mercado. “Não vemos alternativa para continuar trabalhando a esses custos”, disse.

Até o momento, a maior entidade representativa do setor de biodiesel, a Câmara Argentina de Biocombustíveis (Carbio) não se pronunciou oficialmente.

Mercado interno
Segundo a imprensa argentina, boatos de que o governo está preparando uma completa reengenharia do modelo para a indústria do biodiesel vem circulando desde julho. Segundo esses relatos, a ideia seria manter o biodiesel no mercado interno como forma de reduzir as importações de diesel mineral e de petróleo.

Há estudos para que a mistura argentina chegue a 10% até o final do ano com setores como transporte de passageiros e máquinas agrícolas usando 20%.

Pode ser que o modelo argentino, que há anos é visto com uma certa dose de inveja pelos produtores brasileiros, acabe, ironicamente, ficando muito parecido com o nosso.

Fábio Rodrigues
Com informações de El Cronista, El Dia, Puntobiz e ON24 
Tags: Argentina