PUBLICIDADE
CREMER2024 CREMER2024
Argentina

Alta de imposto deve frear exportação de biodiesel da Argentina


Valor Econômico - 13 ago 2012 - 10:07
exportacao argentina_130812
Setor mais pujante do comércio exterior argentino, as exportações de biodiesel devem cair com força neste ano, depois de um pacote anunciado na sexta-feira pelo vice-ministro da Economia, Axel Kicillof. O imposto sobre as exportações, ou retenção, subiu de 20% para 32% sobre o valor exportado. O conjunto de medidas também afeta a rentabilidade no mercado interno. A remuneração paga ao produtor pelas fabricantes de derivados de petróleo caiu de 5.195 a 4.405 pesos, cerca de US$ 955.

Para atenuar as más notícias para a indústria esmagadora, o governo autorizou a importação de grãos de soja da Bolívia e do Paraguai. Embora a Argentina seja o terceiro maior complexo sojicultor do mundo, a ausência de parques industriais boliviano e paraguaio permite uma operação triangular, em que o grão importado será esmagado na Argentina e exportado como óleo em seguida.

A Argentina deve produzir neste ano cerca de 3 milhões de toneladas de biodiesel, calcula o governo. Em 2011, foram exportadas 1,7 milhão de toneladas por US$ 2,1 bilhões. O restante é consumido internamente com a mistura de 7% de biodiesel nos combustíveis derivados de petróleo, uma exigência legal. Até 2011, o crescimento das exportações desse derivado da soja era exponencial. Em volume, o salto no ano passado foi de 30,7% e, em faturamento, atingiu 75%.

Os exportadores de biodiesel já haviam sofrido um golpe em abril, quando a Espanha suspendeu as compras do produto argentino, em retaliação à expropriação da petroleira Repsol. O país europeu é o principal cliente da Argentina, tendo absorvido no ano passado metade das exportações.

A arrecadação na Argentina está desacelerando neste ano por conta da retração econômica, e já se esperava um avanço fiscal sobre a soja, pela valorização da saca da oleaginosa em 2021. Mas os produtores do grão e do óleo de soja já são taxados com retenção de 35%. Ao voltar sua artilharia ao biodiesel, o governo atinge um setor até então preservado da pressão fiscal e altamente concentrado. São apenas doze exportadores, em sua maioria de capital estrangeiro.
Tags: Argentina