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Garantindo investimentos para o biodiesel


BiodieselBR.com - 31 out 2012 - 15:56 - Última atualização em: 31 out 2012 - 18:30
erasmo battistella
O Brasil tem uma excelente oportunidade de desenvolvimento com a exploração das reservas de petróleo do Pré-sal. No entanto, o país também possui um verdadeiro Pré-sal verde na forma do potencial de produção de biocombustíveis como o biodiesel. A opinião é do diretor-presidente da BSBios e presidente do Conselho da Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio), Erasmo Battistella. “Temos a sorte de ter também [além da reserva do Pré-sal] uma reserva verde que permite o aumento da produção de biodiesel”, destacou durante sua fala no primeiro dia da Conferência BiodieselBR 2012.

No entanto, Batistella apontou que o biodiesel, no Brasil, é um programa de governo, e que, portanto, o mercado precisa de uma sinalização para que os investimentos possam continuar. Para ele, um aumento na mistura obrigatória de biodiesel traria inúmeros impactos positivos, entre os quais uma significativa economia na balança de pagamentos do país. Nas contas da Aprobio, a economia total entre 2010 e 2020 poderia chegar a R$ 23 bilhões caso o governo decidisse pela implantação do B20. Além disso, haveria investimentos na casa dos R$ 28 bilhões.

A indústria de biodiesel, segundo Battistella, gera 113% mais empregos do que a produção de diesel. A adoção do B20 também representaria um total de R$ 49,1 bilhões agregado ao Produto Interno Bruto (PIB), explicou, ao adiantar dados de um estudo encomendado pela Aprobio à Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) da Universidade de São Paulo (USP).

Conquistas


Para o representante da Aprobio, a indústria de biodiesel fez sua parte desde o início do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB). Os investimentos até o momento somaram R$ 4 bilhões, criando mais de 86 mil empregos na cadeia e reduzindo em 57% a emissão de poluentes. O empresário fez um balanço das conquistas do biodiesel desde a sua implantação em todos os elos da cadeia, que engloba desde a produção e processamento da matéria-prima até o mercado consumidor.

O Brasil deverá fechar o ano de 2012 como o país que mais utiliza sebo para a produção de biodiesel. Para Battistella, este é um indicativo de que a indústria contribuiu para ampliar a oferta de matérias-primas alternativas à soja. Além disso, ele destacou que os investimentos do setor estão alavancando a produção de palma, mamona e canola, entre outros produtos. Enquanto esses investimentos não chegam à maturidade, a conjuntura de curto prazo está favorável. “A previsão para 2013 é de uma supersafra de soja, com mais 80 milhões de toneladas.”

O desenvolvimento de alternativas não é tarefa simples, e o programa já enfrentou revezes com matérias-primas que não se tornaram realidade. O caso mais notório é o da mamona. “O óleo de mamona não fica no biodiesel porque é mais valorizado em outro mercado. Mas é o mercado desse combustível que viabilizou a ampliação dessa lavoura”, defendeu o palestrante.

Battistella disse que o produto sofre até hoje com informações equivocadas. “Dizem que o biodiesel concorre com a produção de alimentos. Na realidade, ele aumenta a oferta”, apontou, ao ressaltar que o biodiesel proporcionou um aumento na disponibilidade de farelo de soja, um dos insumos mais importantes para a indústria de carnes. Além disso, o setor também é responsável pela inclusão de 104 mil famílias de produtores rurais. Esse total pode chegar a 530 mil famílias caso aconteça a expansão para o B20, estimou o representante das usinas.

Durante os últimos anos, informou o palestrante, além de consolidar o setor, o mercado de biodiesel também superou uma série de desafios, como a melhoria da qualidade do combustível, a resolução de problemas no transporte e a otimização do processo de comercialização. “Ainda temos que superar a inadequação da legislação de transporte”, alertou. “Não dá mais para as transportadoras levarem multa pela inadequação da legislação em relação ao biodiesel.”

A implantação da mistura de biodiesel também promoveu investimentos no setor de processamento de oleaginosas, que estava com capacidade ociosa e recebia poucos recursos. Para o empresário, tudo isso resultou numa valorização da soja brasileira na Bolsa de Chicago.

Agora a capacidade ociosa está na indústria de biodiesel, que pode chegar ao marco de 3 bilhões de litros produzidos, mas em condições de entregar mais de 6 bilhões. “Onde a gente vê problemas, vê também oportunidade”, destacou. A capacidade extra de produção, acredita Battistella, poderia ser aproveitada para promover exportações do produto. “Estamos muito atrás da Argentina nesse aspecto”, concluiu.

Rosiane Freitas – BiodieselBR.com

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Tags: C2012