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Debate: a caminho da consolidação


BiodieselBR.com - 31 out 2012 - 15:56 - Última atualização em: 01 nov 2012 - 18:07
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O debate “Como se dará a consolidação” explorou como o setor de biodiesel está se formatando, à medida que vai ficando mais claro quais estratégias empresariais estão tendo mais êxito nesse novo mercado. Participaram da discussão Ricardo Dornelles (Ministério de Minas e Energia), Adriano Pires (CBIE), José Carlos Aguilera (Alpha Valorem) e João Artur Manjabosco (Camera).

O debate foi mediado por Miguel Angelo Vedana, diretor executivo de BiodieselBR, que iniciou questionando Dornelles sobre a percepção de que as recentes descobertas das reservas de petróleo do Pré- -sal haviam levado o governo a rever a importância dos biocombustíveis em sua estratégia energética.

“Eu ouço isso bastante. Não é verdade que o governo tenha abandonado os biocombustíveis. Ele continua com um grupo dedicado e atuante dentro do governo, e os ministros responsáveis se reúnem com o setor com alguma frequência”, respondeu Dornelles. O problema é que, sozinho, o governo não tem capacidade de resolver todos os problemas do setor. “É uma visão um pouco simplista achar que podemos baixar a caneta e fazer tudo”, criticou o servidor.

Outro problema, na opinião de Dornelles, é que o governo federal não tem mais o que oferecer em termos de incentivos fiscais para o setor, uma vez que a alíquotas das taxas para as usinas já foram zeradas. A única coisa que resta são subsídios que precisariam passar pelo Congresso.

Retrucando a fala do representante de Brasília, Adriano Pires disse que sente uma “desorientação do governo no setor energético”. “O Brasil não pode abrir mão de nenhuma fonte de energia porque temos muito demanda reprimida. A importação de derivados de petróleo é uma coisa assustadora, mas, ao deixar de passar as altas do petróleo para o preço da gasolina e do diesel, perdemos oportunidades no setor de etanol”, problematizou o consultor, para quem existe uma excessiva intervenção governamental no segmento.

Dornelles respondeu que o governo não é infalível. “Cometemos erros como qualquer mortal”, admitiu. Mas ele acha complicado dosar corretamente o controle necessário com a desejável liberdade dos mercados. “Não podemos agir com tanta força que sufoque e nem de forma tão fraca que não dê ordem”, resumiu.

O diretor do MME também lembrou que, historicamente, os empresários do setor de etanol sempre resistiram a um envolvimento mais ativo do governo. Só foram mudar de ideia quando entraram em crise. “O primeiro pipoco que eles ouviram, vieram bater na nossa porta”, ironizou.

Para José Carlos Aguilera, o governo não tem sido particularmente convincente em sua resolução de incentivar os biocombustíveis. Segun- FRASES ES P E CIAL do o empresário, o principal sintoma disso está na relutância que ele vem sentindo entre os investidores em colocar dinheiro novo na área. “Está quase impossível convencê- -los. É o oposto do que acontecia entre 2007 e 2008, quando havia um claro posicionamento da parte do governo”, observou, indicando que programas governamentais que exigem um esforço financeiro bem maior – como o Minha Casa, Minha Vida – estão sendo realizados. “Falta um horizonte, mesmo que um novo aumento de mistura só fosse acontecer daqui a vários anos. Pelo menos teríamos um horizonte.”

Aguilera também acredita que os incentivos não deveriam ser pensados apenas olhando para o biodiesel. “O biodiesel é um ramo da cadeia do agronegócio. Uma política pública deveria incentivar essa cadeia como um todo”, ponderou.

Dornelles refutou o argumento de que falte incentivo ao agronegócio brasileiro e ressaltou que o governo tem dois ministérios cuidando da agricultura (o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e o Ministério do Desenvolvimento Agrário), sendo que ambos possuem orçamentos bastante generosos. “A atenção que o governo dedica à agricultura é enorme.”

Saltando para outro tema, Vedana questionou João Artur Manjabosco, da Camera, sobre a visão da empresa a respeito da consolidação do mercado nas mãos das usinas verticalizadas. De acordo com o executivo, se o mercado continuar restrito ao B5, o número de competidores deverá cair, especialmente quando grandes grupos empresariais entrarem na disputa. “Para as verticalizadas, faz todo o sentido entrar nesse mercado porque é só mais um produto no portfólio. Elas podem optar por fazer biodiesel ou vender óleo”, analisou. E acrescentou que o mercado está bastante limitado, sendo necessário um aumento na mistura: “Existe uma predisposição muito grande do setor para investir, mas é difícil você investir num setor sem o aumento da mistura.

Fábio Rodrigues – BiodieselBR.com

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