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Energia

Subproduto do arroz pode virar óleo combustível


Valor Econômico - 13 jun 2006 - 20:13 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:22

A casca de arroz começa a ser testada no país como matéria-prima para produção de óleo combustível - o bioóleo. O trabalho vem sendo desenvolvido há seis anos pelo engenheiro químico Ayrton Martins, pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Segundo Martins, a casca submetida a um processo de pirólise (decomposição de matéria-prima por calor) transforma-se em um substrato líquido, a partir do qual se produz o óleo combustível. "Esse bioóleo pode ser usado como substituto do diesel em geradores e equipamentos nas indústrias arrozeiras e até mesmo em veículos."

A casca é rica em sílica e pode ser aproveitada na produção de carvão ativado (usado por indústrias para filtragem). A diferença é que, para gerar bioóleo, a casca é submetida à temperatura de 500 ºC e, para se transformar em carvão, a 800 ºC.

Martins diz que 1 tonelada de casca pode ser transformada em 160 quilos de bioóleo, ou 400 quilos de carvão, dependendo do processo adotado. A queima de 1 tonelada para gerar energia elétrica produz de 2 a 3 megawatts (MW).

A primeira fase de pesquisas foi patrocinada pela AES Sul, com recursos da ordem de R$ 50 mil. Agora, Martins fechou acordo com um grupo de produtores para construir uma usina-piloto em Santa Maria (RS), que irá processar 1 tonelada de casca por hora. Serão investidos R$ 3 milhões na instalação de uma unidade de pirólise, para produção do bioóleo, de uma central termelétrica, que irá produzir energia com a queima de arroz.

Segundo o Instituto Riograndense do Arroz (Irga), 22% do volume de arroz produzido é casca, o que equivale a 2,58 milhões de toneladas por ano. Desse total, 25% é usado por beneficiadoras do arroz na geração de energia. "A maior parte não é aproveitada economicamente", diz Gilberto Amato, coordenador do Centro de Excelência do Arroz do Irga. Estima-se que mais de 1,2 milhão de toneladas de casca são descartadas todo ano por falta de uso.