PUBLICIDADE
CREMER2024 CREMER2024
Energia

Opinião: Salto tríplice


Revista da Indústria - Ano 5 - nº 115 - Fevereiro/2006 - 20 mar 2006 - 15:54 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:22

Matriz energética pode significar muita coisa. Nos anos 70, quando a economia crescia a mais de 10% ao ano, ela indicava um gigante com pés de barro: carente de petróleo e energia elétrica, sem maciços investimentos e planejamento com P maiúsculo, teria de parar no acostamento sem combustível.

Vem daí as grandes hidrelétricas, o início dos megainvestimentos da Petrobras na Bacia de Campos, o estudos de energias renováveis, do qual surgiu o mais promissor engenho da tecnologia nacional: o Proálcool, unindo lavoura, usina e logística para suprir a demanda por carro com motores a álcool. O País poupou bilhões de dólares e criou empregos, lucros e renda em moeda ncaional. O que resultou tudo isso?

Planos grandiosos no papel e pífios no planejamento. O petróleo barato pós-anos 80 matou o Proálcool. A hiperinflação e o crônico problema fiscal do Estado derrubaram a expansão do setor elétrico, dando no apagão de 2001.

Agora, como nos anos 70, unem-se fatores que farão a economia pegar no tranco. Os males macroeconômicos rumam à cura. Nos livramos da inflação e o fantasma da divida externa deixou de assustar. A farra fiscal parece viver seus últimos dias. A economia está pronta para crescer. Se avançar 5% ao ano, em três faltará energia. A hidráulica ao menos tem um plano, mas à espera de planejamento. O gás entrou na matriz. E chegam avisos de uma próxima petrocrise, que a Petrobras vai matar no peito: a auto-suficiência nacional virou realidade.

E o Proálcool? Bem, as montadoras saíram na frente com a nova preferência nacional: o carro bi ou tricombustível, responsável por mais de 60% das vendas. O presidente Lula se encanta com o biodiesel, que começará com a adição de 2% ao diesel de petróleo. O presidente George Bush fez o alerta ao anunciar que até 2025 os EUA terão de reduzir em 75% as importações de petróleo e citou o álcool como opção.

Álcool eles têm, mas é caro para produzir. Se importarem daqui para adicionar só 10% à gasolina, levariam toda a produção nacional de 2005 e mais 30%.

O jogo mal começou e o País está diante da oportunidade de recuperar todo o tempo perdido nas ultimas décadas e dar um salto tríplice, crescendo com a indústria, o agronegócio e as energias renováveis. Com planejamento, dá para montar tanto o cavalo selado.

Antônio Machado