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RJ: Ônibus testarão diesel de cana


Jornal do Commercio - 06 jul 2011 - 10:24 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:17

A partir do próximo dia 15, 30 ônibus urbanos do Rio vão circular, em caráter experimental, com 30% de diesel de cana-de-açúcar adicionado ao diesel convencional. O teste, que vai durar 14 meses, tem como objetivo avaliar a eficácia da mistura, autorizada pela presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Marilene Ramos, e seu efeito na redução de emissões de poluentes atmosféricos.

De acordo com a Fetranspor, serão utilizados 300 metros cúbicos de diesel de cana-de-açúcar durante este período. Marilene Ramos determinou, em atendimento ao parecer dos técnicos do instituto, que relatórios sejam encaminhados mensalmente ao Inea e que os veículos utilizados no teste tenham motor com fabricação posterior ao ano 2000. O Inea fará também a avaliação da qualidade do ar nas regiões percorridas pelos veículos de teste.

Para a subsecretária de Economia Verde do Rio de Janeiro, Suzana Khan, o diesel de cana de açúcar é feito a partir de uma tecnologia muito nova. "Para se ter uma ideia, o biodiesel é uma mistura, já o diesel de cana tem as mesmas características do diesel mineral, sendo que não há mistura alguma, além disso, quando ocorre a queima do diesel da cana, este produto é facilmente reabsorvido pelo ambiente", disse ela.

Segundo a subsecretária, o teor de enxofre também é um problema, já que é muito alto no diesel comum. "O dióxido de enxofre é muito prejudicial ao ser humano, mais um ponto positivo é que no diesel derivado da cana de açúcar, não há enxofre. Outra questão é com relação ao pagamento. O Brasil ainda é muito dependente do derivado do diesel para o consumo interno, principalmente para os caminhões, mas com este novo produto nossa dependência será menor", disse Khan.

A utilização de diesel de cana-de-açúcar, de acordo com estudos de emissão realizados anteriormente, resulta em redução significativa nos teores de material particulado, óxidos de enxofre, monóxido de carbono e hidrocarbonetos. Com isso, o que se espera é a redução das emissões de foices móveis, que, de acordo com o inventário da Região Metropolitana do Rio, respondem por 77% do total de emissões.

"A ideia é tornar este diesel comercial, mas pra isso vários testes precisam ser relizados. Esta primeira etapa irá monitorar a questão técnica, ou seja, verificar o desempenho. Outra questão é o custo, o de cana ainda é mais caro, por causa da tecnologia nova, mas a tendência é diminuir. A terceira questão é disponibilizar volume suficiente e para isso é necessário ter grandes áreas de plantação", concluiu Suzana Khan.

PROCESSO
O diesel de cana-de-açúcar - além de ser livre de enxofre - é renovável em relação ao carbono que emite para a atmosfera, o que reduz o impacto sobre o aquecimento global. A exemplo do que já ocorre com o etanol, o C02 que sai do escapamento é reabsorvido, via fotossíntese, pela nova cana que está brotando no campo. Quando a cana é colhida, o carbono é convertido novamente em combustível, reemitido, reabsorvido e assim por diante.

Fernanda Martins