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[Vídeo] Carros são responsáveis por 90% da poluição do ar em São Paulo


Jornal Nacional - 05 abr 2011 - 11:35 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:16
Quando circulam pelas ruas da cidade, os automóveis emitem poluentes e partículas finas, que ficam suspensas na atmosfera. Especialistas dizem que respirar o ar da capital paulista equivale a fumar dois cigarros por dia.

O principal motivo da poluição do ar de São Paulo é o trânsito, e respirar esse ar todos os dias pode provocar problemas sérios de saúde, como nós vemos na reportagem de Flávia Freire.

O rapaz passa o lenço no rosto e fica surpreso com o que vê: o pedaço de pano ficou preto. “É muita poluição, muitos carros passando na rua no dia a dia”, afirma.

Em São Paulo, os carros são responsáveis por 90% da poluição do ar. O problema cresce junto com o tamanho da frota. Já são sete milhões de veículos emplacados na capital paulista. Quando circulam pelas ruas da cidade, ou pior, quando ficam parados nos congestionamentos, eles emitem poluentes e partículas bem finas, que ficam suspensas na atmosfera, e nós acabamos respirando.

Bem mais científico que o nosso teste do lencinho, são os resultados que saem de casas que medem a qualidade do ar em São Paulo. “Em 24 horas, essa bolinha indica quanto de ar passou, que seria equivalente ao que uma pessoa respirou. E nós respiramos essa carga de poluentes”, afirma Lúcia Guardani, da Companhia Ambiental do Estado de SP.

Mas o quanto essa poluição afeta a nossa saúde? Especialistas dizem que respirar o ar de São Paulo equivale a fumar dois cigarros por dia. “A gente tem uma perda da capacidade pulmonar. Isso explica porque se morre mais de bronquite crônica, de asma, de enfisema pulmonar e de câncer de pulmão nas cidades poluídas”, aponta Paulo Saldiva, do Laboratório de Poluição da USP.

Tem ainda um agravante: os índices de medição usados hoje no país são os mesmos desde 1990, estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente, e nunca foram revisados.

O padrão desatualizado dá a impressão de que a qualidade do ar em São Paulo é boa na maior parte do tempo, mas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, que adota padrões mais rígidos e mais atuais, o ar que se respira na capital paulista é três vezes pior.



“Aqui em São Paulo e no Brasil, nós medimos a poluição, eu vou dar o exemplo, na área da saúde, como se a gente estabelecesse que a pessoa só tem febre acima de 41ºC e abaixo disso você não toma nenhuma medida. Então , é muito importante você ter os critérios recomendados pela Organização Mundial da Saúde para medir a poluição, porque assim você pode tomar as medidas corretas para preservar a saúde pública”, destaca Oded Grajew, da Rede Nossa São Paulo.

Na noite desta segunda-feira (4), a repórter Flávia Freire foi para a Ponte Eusébio Matoso, na Marginal Pinheiros, em São Paulo, para medir a poluição na capital paulista. Ela usou o respirômetro. Ele vai ser usado durante os três meses em que o projeto Respirar vai ficar no ar nos telejornais de São Paulo. Ele mede partículas bem finas que nós não vemos e que, por isso, nem percebemos que estamos respirando.

Na noite desta segunda-feira, o aparelho indica o número 99. A OMS recomenda que a média em um dia não ultrapasse 25. Choveu bastante nesta segunda em São Paulo o que deixa o ar mais limpo.

O Governo do Estado de São Paulo se comprometeu a mudar os padrões de medição da poluição, de acordo com os da OMS, no fim do ano passado. De lá para cá, eles se reuniram três vezes, mas o assunto nem entrou em discussão. O que todo mundo espera é que, como São Paulo tem a maior frota de veículos do país, seja a primeira cidade a dar esse passo importante.