Com queda em estoques, preço da soja dispara
O mercado recebeu mais um estímulo para o rali de preços dos grãos, ontem.
O Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reduziu de 91,8 milhões para 90,6 milhões de toneladas a sua estimativa para a produção de soja no país na safra 2010/11, já colhida.
Com isso, os estoques no maior produtor mundial devem somar 3,8 milhões de toneladas de soja ao final da temporada comercial americana, em agosto. A queda em relação à estimativa anterior do Usda foi de 15%.
Os 3,8 milhões de toneladas representam apenas 15 dias de consumo de soja nos Estados Unidos. A relação estoque/consumo, de 4,2%, é a menor da história.
O Usda também reduziu a sua estimativa para a safra argentina, de 52 milhões para 50,5 milhões de toneladas.
Se a falta de chuvas no país continuar a prejudicar o desenvolvimento da lavoura, é possível que haja uma corrida dos importadores aos estoques americanos, provocando uma nova redução no volume armazenado e alta nos preços, diz a analista Daniele Siqueira, da AgRural.
O efeito do relatório sobre o mercado de soja foi imediato, com os contratos negociados no limite de alta da Bolsa de Chicago após a abertura.
O contrato de primeiro vencimento fechou com ganho de 4,3%, cotado a US$ 14,09 o bushel (27,2 quilos) -maior valor desde julho de 2008.
Para a safra do Brasil, o Usda manteve a projeção divulgada em dezembro, de 67,5 milhões de toneladas. Para as exportações, a estimativa é de 31,4 milhões de toneladas, mas uma eventual quebra da safra argentina pode elevar esse número.
As atenções, portanto, continuam sobre a América do Sul. Caso o fenômeno La Niña continue atrapalhando o desenvolvimento da safra argentina, novas altas nos alimentos devem ocorrer.
MAURO ZAFALON