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CE: Produtores enfrentam problema de mercado


Diário do Nordeste - 19 jul 2007 - 05:41 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23
Sobral. Na última terça-feira, o governo do Estado divulgou a ampliação do cultivo de oleaginosas em cerca de 70 mil hectares no Ceará, visando o benefício de mais de 30 mil famílias. O Diário do Nordeste visitou o setor 2, do Perímetro Irrigado Jaibaras, distante 20 km de Sobral, onde, desde maio do ano passado, quatro hectares de terras estão sendo cultivados com mamona, consorciado com pimenta tabasco. De acordo com o técnico em agropecuária, Alberto Sá, que acompanha a plantação, o projeto carece de investimentos para beneficiamento do produto.

“Os agricultores enfrentam problema de mercado. Eles estão na esperança da chegada de uma usina de prensagem para vender o óleo bruto, porque é preciso agregar valores. Aí sim, será bom para o produtor. Enquanto isso, estão armazenando ou vendendo a particulares”, disse Alberto.

Tendo como objetivo integrar a zona norte do Ceará no Programa de Fortalecimento e Inserção de Maneira Sustentável da Agricultura Familiar no Mercado de Bioenergéticos, o secretário adjunto de Agricultura e Pecuária, Joaquim Torres Filho, destacou que a região tem capacidade de desenvolvimento. “Desde 2006 funciona, em caráter experimental, o Projeto Mamona-Biodiesel. A cidade de Sobral não estava enquadrada no zoneamento para plantio de mamona, porque a empresa contratada pelo Ministério da Agricultura (Embrapa) justificou que a variedade a ser trabalhada seria viável somente à altitude de 300 metros. Mas os resultados estão sendo altamente positivos”, ressaltou ele.

Segundo o engenheiro agrônomo, os bons resultados seriam o primeiro passo para solicitar ao governador Cid Gomes o enquadramento do município para o plantio da mamona em novo zoneamento. Ele adiantou que, até o fim deste ano, a região contará com uma miniusina de extração de óleo de mamona e outra de produção de biodiesel.

Projeto

“Elaboramos o projeto mamona-biodiesel para Sobral juntamente com o Centec. Em menos de 30 dias abriremos processo licitatório para fabricação de equipamentos para miniusina de extração de óleo. Além disso, estamos solicitando adição de recursos para confecção de uma miniusina de produção de biodiesel”.

De acordo ele, o custo total das miniusinas ficarão em torno de R$ 800 mil. O projeto prevê, também, testes com gergelim, girassol e amendoim.

“Estaremos preparados para que nossos agricultores possam participar do programa governamental de inserção da agricultura familiar no mercado bioenergético. A parte agronômica está muito boa, mas não basta. Tem que ter a parte industrial”, comentou.

Falta incentivo para pequenos produtores

Juazeiro do Norte. A ausência de incentivos governamentais ainda é o grande gargalho para os pequenos agricultores do Cariri cultivarem oleaginosas, voltadas para a produção de biocombustíveis. Brejo Santo e Missão Velha começam a ter as primeiras experiências com o plantio de mamona. Técnicos da Brasil Ecodiesel oferecem pequenas condições no intuito de incentivar os agricultores. A cultura consorciada com o feijão é uma alternativa. O quilo da mamona chega a ser comercializado a R$ 0,55.

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Brejo Santo, Francisca Novaes, diz que o maior problema este ano com a experiência inicial está relacionada à estiagem. Isso irá prejudicar o resultado final para quem esperava obter maior lucro com a mamona, a ser repassada para a Brasil Ecodiesel. Cerca de 15 hectares foram plantados em Genipapeiro, Sítio Boqueirão e Baixio dos Bastos. Em troca, os agricultores receberam uma enxada e uma quantia de R$ 160,00, do governo federal, como inventivo. “No início, os produtores estavam mais animados, mas com a falta de chuvas o pessoal desanimou”.

Mesmo assim, a análise maior dos resultados virá após a colheita. O presidente do STR de Missão Velha, Francisco Paulo, diz que já recebeu visita de técnicos da Brasil Ecodiesel. Ele tem notícia de uma propriedade na cidade onde é feita a experiência. “Essa região é especial para o cultivo da mamona, mas falta incentivo. Está tudo na promessa. A mamona seria uma das saídas para o agricultor não ficar na dependência apenas do Seguro Safra, em que poucos têm acesso”.

O pesquisador da Embrapa Algodão, Tarcísio Marcos de Souza Gondim, destaca a falta de incentivo como principal dificuldade para o pequeno produtor investir.