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Pesquisadores identificam impactos ambientais significativos das algas para biocombustíveis


Portal Ambiente Já - 28 jan 2010 - 08:36 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:10

Com muitas empresas investindo pesadamente em biocombustíveis à base de algas, pesquisadores da Universidade da Virgínia, do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, descobriram que há importantes obstáculos a superar antes do massificar a produção deste tipo de combustível. Eles propõem a utilização de águas residuais, como uma solução para alguns desses desafios.

A pesquisa [Environmental Life Cycle Comparison of Algae to Other Bioenergy Feedstocks], publicada na revista Environmental Science & Technology, demonstra que a produção de algas consome mais energia, tem maiores níveis de emissões de gases com efeito de estufa e utiliza mais água do que outras fontes de biocombustível, como canola e milho.

"Dado o que sabemos sobre projetos piloto de produção de algas, ao longo dos últimos 10 a 15 anos, descobrimos que a pegada ecológica de algas é maior do que outras culturas terrestres", disse Andres Clarens, um professor adjunto no Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da UVA e um dos autores do estudo.

Como uma alternativa ambientalmente sustentável para os atuais métodos de produção de algas, os investigadores propoõe situar as `lagoas´ de produção de algas na área adejacente de instalações de tratamento de esgoto para capturar fósforo e nitrogênio - nutrientes essenciais para o crescimento de algas que, caso contrário têm de ser produzidas a partir do petróleo. Aqueles mesmos nutrientes são descarregados para canais locais, prejudicando corpos d´água. Isto é um crescente problema de contaminação dos recursos hídricos e a tecnologia atual para removê-los é proibitivamente cara.

As algas poem ter um maior impacto ambiental do que outras fontes, mas, ainda assim, ela permanece uma fonte atrativa para a energia. Algas, que são cultivadas em água, não competem com as culturas alimentares produzidas em terra e também tendem a ter rendimentos maiores do que as fontes de energia como o milho. Além disso, o conteúdo lipídico elevado das algas torna eficiente o refinamento de combustíveis líquidos.

"Antes de fazer grandes investimentos na produção de algas, deveremos saber realmente o impacto ambiental dessa tecnologia", disse Clarens. "Se se decidir avançar com algas, como uma fonte de combustível, é importante entendermos as maneiras que nós podemos produzi-lo com o mínimo de impacto, e é aí que a combinação de produção com as operações de tratamento de esgoto se situam"

Como exemplo da importância da realização do estudo do ciclo de vida ambiental, Clarens destaca o boom do etanol em 2008, que criou grande demanda em todo o mundo, elevando os preços do milho e criando complexas questões éticas que poderiam ter sido evitadas através da produção de culturas separadas para alimentos e combustíveis.

"As pessoas estão investindo em usinas de etanol, mas depois percebemos que usamos um monte de petróleo para cultivar milho e convertê-lo em etanol", disse Clarens. "No momento em que você começa a perceber as consequências já usou quase tanto petróleo para produzir etanol quanto você usaria para abastecer diretamente o seu carro."

Tags: Algas