Pesquisadores do CE querem ampliar uso de óleo de mamona
Lubnor, subsidiária da Petrobras, e a UFC desenvolveram 16 moléculas de biolubrificantes
Enquanto o uso de biocombustíveis avança do mundo inteiro, pesquisadores cearenses querem ampliar a utilização do óleo de mamona no mercado automotivo. Por meio de uma parceria entre a Petrobras, membros dos departamentos de Engenharia Química e de Química Orgânica e Inorgânica da Universidade Federal do Ceará (UFC) desenvolveram 16 moléculas de biolubrificantes — derivados de óleos vegetais de alto valor agregado.
Segundo o pesquisador Murilo Tavares Luna, a parceria entre os departamentos de Química e Engenharia Química da UFC com a Petrobras, por meio de sua subsidiária local, a Lubnor, existe desde 2004. As 16 novas moléculas de biolubrificantes são obtidas a partir do ácido ricinoléico — o principal componente do óleo da mamona, matéria-prima utilizado hoje na produção de biodiesel.
´As pesquisas estão saindo da fase de laboratório e entrando na de teste de produção em escala´, comenta Luna. O próximo passo, após atestada a viabilidade da iniciativa, é a homologação da patente e colocação dos produtos no mercado.
Valor agregado
Para abrigar a nova etapa, a Petrobras está construindo instalações onde ficarão sete plantas-piloto, na Lubnor, em Fortaleza. É a primeira vez que o Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) localiza-se fora da sede no Rio de Janeiro. A estimativa é de que as pesquisas e o Cenpes/Lubnor consumam R$ 10 milhões.
A utilização de produtos ecologicamente corretos é uma tendência mundial, face à preocupação com a preservação do meio ambiente. Os óleos vegetais já são desenvolvidos, principalmente nos Estados Unidos, Europa e Japão. O Brasil ainda não tem esses produtos. ´A maior vantagem dos biolubrificantes é que eles podem alcançar um valor maior no mercado, em relação, por exemplo, ao biodiesel´, diz.
Enquanto o litro de biodiesel (mistura de diesel mineral ao vegetal, hoje em 2%) custa em média R$ 2,70, o litro do biolubrificante pode chegar a R$ 8,00. ´Isso é mais um incentivo ao produtor de mamona do semi-árido´, argumenta o pesquisador. A expectativa é de que a Petrobras lance nos mercados interno e externo os biolubrificantes desenvolvidos pela UFC, cujas pesquisas são coordenadas pelos professores Célio Loureiro e Ícaro Moreira.
Lubnor produz lubrificantes naftênicos
A Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor) é uma refinaria da Petrobras situada em Fortaleza. A empresa entrou em atividade em 24 de junho de 1966 como Fábrica de Asfalto de Fortaleza (Asfor). Com capacidade de processamento de até sete mil barris de petróleo/dia, seus principais produtos são: Cimento Asfáltico Processado (CAP), que se constitui no subproduto mais denso e viscoso do petróleo, cuja principal aplicação é a pavimentação de rodovias; óleos lubrificantes naftênicos (para máquinas e equipamentos pesados); gás natural; óleo combustível para navios; gás de cozinha e óleo amaciante de fibras.
SAMIRA DE CASTRO