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Nordeste quadruplica produção de mamona em uma década


O Mossoroense/RN - 13 out 2011 - 11:54 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:17

De acordo com relatório elaborado pelo BNB-Etene, no intervalo entre os dois últimos censos agropecuários, a produção de mamona no Nordeste multiplicou-se por quatro. Passou de 14,5 mil toneladas, em 1996, para 58,8 mil toneladas, em 2006, o equivalente a 97,7% de toda a produção nacional (61,8 mil t).

Nesse interstício, a área cultivada elevou-se bem menos, de 61,1 mil para 108,1 mil hectares, refletindo ganhos de 130% na produtividade que alcançou 544kg/ha, em 2006.

O Censo de 2006 mostrou que a cultura da mamoeira é típica de pequenos agricultores, sendo cultivada em 23,7 mil estabelecimentos, dos quais 96% no Nordeste, com média de 4,7 hectares por propriedade. Desse total, 82% estão na Bahia que produziu 50,7 mil toneladas do total do país. O segundo maior produtor, o Piauí, alcançou 4,3 mil toneladas, seguindo-se Pernambuco e do Ceará: 2,2 e 1,2 mil toneladas, respectivamente.

Ainda de acordo com o relatório do Etene, comparativamente ao Censo de 1996, a produção nacional cresceu 297%, de 15,5 para 61,8 mil toneladas, desempenho fortemente influenciado pelo comportamento da safra baiana, cujo crescimento atingiu 383% no mesmo período. Entre os dois censos, a participação da Bahia na produção brasileira avançou 10 pontos percentuais, de 71,7% para 82%.

Perspectivas
Colocada como principal alternativa de matéria-prima para a produção de biodiesel, a cultura da mamona ainda depende da solução de alguns problemas para se consolidar no Nordeste. O maior deles diz respeito à comercialização, organização e capacitação do pequeno agricultor para lidar com a cultura, visto que a parte agronômica está sendo bem encaminhada com pesquisas voltadas para elevar seu rendimento.

Para os pesquisadores do BNB-Etene, mesmo com as adversidades existentes a mamona representa uma alternativa para o produtor nordestino, principalmente se for garantida a comercialização. Segundo eles, o anúncio da Agência Nacional de Petróleo (ANP) sobre a impropriedade do óleo da planta para produzir biodiesel, em razão de sua alta viscosidade, fez a mamona perder posição como insumo do programa nacional de biodiesel, embora apresente um alto teor de óleo (50%) e vantagens sobre outras culturas.

Vale salientar que a partir da última década o governo incentivou a ricinocultura no país, especialmente no semiárido, com o objetivo de garantir matéria-prima para o programa nacional de biodiesel e proceder a inclusão social de milhares de agricultores familiares. As dificuldades nesse sentido mostram a necessidade de constituição de parcerias sólidas entre a indústria de esmagamento, refinadoras e os produtores visando à integração de suas ações dentro da cadeia produtiva.

Semente possui característica de uso diversificado
A mamona produz um óleo riquíssimo utilizado na indústria em mais de 500 diferentes aplicações (lubrificantes, cosméticos, tintas, plásticos, lentes de contato, próteses etc.), tendo mercado pujante, com demanda e preços crescentes. Além do óleo da semente, a planta proporciona a produção de biomassa, tecidos e de uma torta que serve como adubo orgânico para recuperar solos esgotados.

No Nordeste, a mamona é tradicionalmente cultivada em consórcio com milho, feijão e arroz, servindo como complemento de renda para o pequeno agricultor. Muitos, entretanto, por tradição e falta de conhecimento adequado, deixam de cultivar mamona por temer prejuízos aos animais, dada a fama tóxica que acompanha a planta e o seu sistema de exploração em pequenas roças mal cercadas.

Para o pesquisador George Alberto de Freitas, do Etene, falta ao Brasil, que já é um dos grandes produtores, aproveitar as oportunidades e organizar-se, agregando valor ao óleo bruto, a fim de tornar-se, também, exportador de seus subprodutos.

Tags: Mamona