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Ecodiesel e Maeda se unem para consolidar


Valor Econômico - 26 out 2010 - 06:57 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:14

A associação entre a Maeda Agroindustrial e a Brasil Ecodiesel, cujas conversações estão em curso e foram anunciadas oficialmente ontem pelas empresas, pode criar uma nova comercializadora de commodities agrícolas no país, além, obviamente, de fortalecer as atividades já tradicionais de cada uma delas: produção agroindustrial e de biodiesel. As ações da Brasil Ecodiesel subiram 25% na semana passada e caíram 10% ontem.

De um lado da mesa está a Maeda, que saiu neste ano das mãos da tradicional família de japoneses para o controle do fundo espanhol Arion Capital, controlado pelo bilionário espanhol Enrique Bañuelos. De outro, aquela que nasceu para ser a maior empresa de biodiesel do país e que, após quase ir ao fundo do poço, foi recuperada pelos bancos credores, que converteram débito em ações e ampliaram o escopo de atuação, agregando à produção de biodiesel a atividade de "originação de grãos".

Assim se dá a complementaridade entre as duas companhias, que devem fechar o acordo final até dezembro deste ano, diz Renato Carvalho, sócio da Arion Capital. O cálculo das sinergias está sendo concluído, assim como o planejamento estratégico da associação. Mas algumas metas já estão desenhadas, diz o executivo. Entre elas, a de expandir em 2,5 vezes a atual área plantada do grupo Maeda, atualmente em 94 mil hectares, distribuídos entre soja, milho e algodão em três clusters localizados em Mato Grosso, Goiás e Bahia.

A expansão, afirma Carvalho, ocorrerá em áreas próprias e arrendadas, nas quais a Maeda usará sua expertise agrícola para atuar como gestora operacional, assim como ocorre hoje. Mas o limite da atividade de "trade" de grãos não será a produção própria. "O plano é originar grãos produzidos pelo próprio grupo e por terceiros."

A parceria também ajudará na verticalização da Brasil Ecodiesel, que tem na soja a principal matéria-prima de produção de biodiesel. Pode ajudar também na reativação de duas fábricas paralisadas, elevando para oito as unidades industriais ativas. Outro ponto importante dessa parceria, diz Carvalho, é que ela traz um potencial maior de consolidação às duas empresas. "O agronegócio é um setor muito fragmentado. Uma companhia de capital aberto, como a Brasil Ecodiesel, não deixa de ser também um veículo que cria melhores condições no movimento de consolidação", diz Carvalho.

Sem considerar sinergias e com base nos dados do ano passado, quando a Brasil Ecodiesel teve restrições para vender biodiesel e a Maeda não gozava de preços de algodão tão elevados, as duas empresas faturariam juntas R$ 730 milhões. Carvalho prevê que em 2010 o faturamento da Maeda, da qual a Arion Capital tem 86%, vai crescer de 10% a 15% potencializado pela alta do algodão, que nas últimas semanas atingiu os maiores preços desde que começou a ser negociado na bolsa de Nova York, há 140 anos. Isso significará que, dos R$ 330 milhões de 2009, o faturamento bruto do grupo deve alcançar neste ano algo entre R$ 360 milhões e R$ 380 milhões.

A Arion não divulga quanto pagou para levar os 86% da Maeda, operação que foi fechada em maio deste ano. Mas o mercado estima que esse valor esteja próximo de R$ 100 milhões. O fundo também absorveu uma dívida de R$ 300 milhões, que foi renegociada. "Fizemos um aumento de capital, demos um choque de gestão, fechando escritórios e reduzindo custos. Estamos agora dando o próximo passo, que é ganhar escala."

No comunicado de ontem, as empresas divulgaram que a relação de troca em discussão é de aproximadamente 3,6395 ações da Maeda para cada ação da Brasil Ecodiesel, o que atribui à Maeda valor de aproximadamente R$ 320 milhões e um terço da sociedade resultante da combinação.

Por Fabiana Batista