Depois de assembleia, Agrenco Limited passa a ter nove conselheiros
Conforme o esperado, a assembleia de ontem da Agrenco Limited apenas confirmou o direito, previsto no estatuto da companhia, que a sua principal acionista, a Agrenco Holding, possui de nomear quatro novos membros para o seu conselho de administração. Também como se previa não houve quorum suficiente para a aprovação da destituição de três membros do conselho, outra solicitação da holding.
A Limited não informou a quantidade de detentores de Brazilian Depositary Receipts (BDRs) que, por meio de procuração, votaram na assembleia. Apenas destacou que, dentre os que votaram, cerca de 38% apoiaram o afastamento dos conselheiros.
A holding desejava destituir os conselheiros por questionar a condução da recuperação da empresa no Brasil e se diz incomodada com o fato de a Íntegra Consultoria ter feito o plano de recuperação, estar participando da condução do processo e ter um integrante no conselho, Nelson Bastos, sócio da consultoria. Além de Bastos, a holding queria retirar do conselho Ruy Schneider e Arnim Lore. A holding afirma ter condições de conseguir um investidor para a Agrenco colocar as operações em andamento no Brasil e critica o fato de a empresa estudar arrendar fábricas e ter demorado a entregar os balanços auditados à CVM.
O estatuto da Limited, que tem sede nas Bermudas, dá o direito à holding de nomear os conselheiros sem a aprovação em uma assembleia, enquanto ela possuir mais de 20% do capital da Limited. A holding possui 47,91% e tem como principais acionistas três ex-executivos da Agrenco que foram presos em 2008 na Operação Influenza, da Polícia Federal, sob suspeitas de crimes que iam de sonegação fiscal a fraude de balanço. Entre eles está o fundador, Antonio Iafelice.
Agora, a Limited passa a ter nove membros em seu conselho, sendo cinco indicados pela holding. Nils Bjellunjá era integrante, e os novos escolhidos foram Rita Froes Prado, Orivaldo Balloni, Merhaz Rafat e o advogado Edgard Mansur Salomão, que é o novo presidente do conselho e representará os minoritários.
Apesar de ter maioria, o poder de atuação da holding na Agrenco é limitado. Pelos termos da recuperação judicial dos quatro ativos da Agrenco Limited no Brasil, qualquer medida precisa ser aprovada pelos credores. Além disso, no mês passado a Agrenco NV, com sede na Holanda e que controla indiretamente as operações da Agrenco no Brasil, pediu recuperação judicial para suspender as ações de cobrança de dívidas contra a empresa.
A Agrenco NV tem dívidas vencidas e não renegociadas com 11 bancos internacionais, no valor de US$ 268 milhões. Desses, sete bancos, que representam 93% da dívida, estão incluídos no plano de recuperação no Brasil. Qualquer medida que afete a Agrenco Limited também precisará da anuência do administrador judicial da Agrenco NV
