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Reunião debate mercado de soja e seu impacto na pesquisa


Embrapa Soja - 10 ago 2011 - 11:28 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:17

Na visão da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), a América do Sul será a maior responsável pelo crescimento da oferta mundial de soja até 2020: com aproximadamente 45 milhões de toneladas adicionais. Desse total, o Brasil  responderá por um acréscimo de cerca de 25 milhões de toneladas. A previsão foi feita pelo secretário da Abiove, Fábio Trigueirinho, durante a abertura da XXXII Reunião de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil, que ocorre nos dias 9 e 10 de agosto, em São Pedro (SP). O evento, promovido pela Embrapa Soja e Esalq/USP, reúne aproximadamente 350 representantes da cadeia produtiva da soja.

Trigueirinho disse que a locomotiva que move o mundo está mudando, principalmente porque os países em desenvolvimento estão aumentando sua participação na renda global. A China e a Índia, por exemplo, apresentam crescimento ao redor de 10% ao ano, enquanto que os países desenvolvidos como Estados Unidos e países da Europa crescem pouco e ainda acumulam dívidas públicas. “Na minha avaliação, a demanda por alimentos será pouco impactada pela crise nos países desenvolvidos; principalmente porque existe espaço para o crescimento nos países em desenvolvimento”, analisa.

Trigueirinho mostra que o crescimento da renda per capita dos países desenvolvidos nos últimos 20 anos é expressivo. Na China, o crescimento foi de 9 vezes; na Índia de 4 e no Brasil de 2. “Além da melhoria da renda, o desenvolvimento econômico e o crescimento populacional, entre outros fatores, são determinantes para o consumo de oleaginosas”, diz.

O técnico da Abiove ressalta ainda que para atender às exigências do mercado internacional, desde 2006 foi criada a Moratória da Soja, iniciativa da Abiove e de outras entidades e organizações não governamentais, cujo compromisso é de não
comercializar soja de áreas desmatadas no Bioma Amazônia. “A expansão da soja no
Brasil enfrenta alguns desafios, sendo um deles a manutenção da sustentabilidade. Temos que crescer evitando abrir novas áreas em regiões de florestas”, defende.

Na safra 2010/2011, o Brasil produziu aproximadamente 75 milhões de toneladas de soja, sendo 65% dessa produção exportada, equivalente a 48,7 milhões de t (29,1milhões t de grão; 13,7 milhões t de farelo e 1,6 milhões t de óleo). A China é o principal destino das exportações brasileiras de grãos (66%) e de óleo (60%) e a União Européia responsável por grande parte das importações de farelo (70%).

Segundo Trigueirinho, para atender com sucesso ao mercado doméstico e ao internacional será necessário ao Brasil manter o crescimento da produtividade agrícola (investindo em tecnologia e melhores práticas) e no aperfeiçoamento da transferência da tecnologia. “Também precisamos superar os principais gargalos logísticos (matriz de transporte e infra-estrutura portuária); incentivar a agregação local de valor e desenvolver mecanismos de proteção ao produtor contra adversidades climáticas”, avalia.

Na palestra, o representante da Abiove destacou que o produtor brasileiro já dispõe de tecnologias para produzir com sustentabilidade como o plantio direto, a fixação biológica do nitrogênio, o controle biológico de pragas, entre outras. “No entanto, a pesquisa tem o desafio de aumentar constantemente a produtividade da soja, assim como solucionar outras questões: aumento do teor de óleo e de proteína da soja; desenvolver variedades resistentes à seca; reduzir o uso de insumos (defensivos químicos) e recuperar áreas de pastagem degradada”, avalia.

O desenvolvimento tecnológico e transferência das tecnologias devem andar juntas e para melhorar a gestão das propriedades rurais brasileiras, Trigueirinho ressaltou que foi criado o Programa Soja Plus. Este Programa, estabelecido pela Abiove, Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (ANEC), Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja) e Instituto para o Agronegócio Responsável (ARES), “objetiva fomentar a gestão econômica, social e ambiental nas propriedades rurais e nos outros elos da cadeia, devendo auxiliar na melhoria contínua dos processos de produção, transformação e comercialização da soja brasileira”, finaliza Trigueirinho.

Lebna Landgraf

Tags: Soja