E a Mamona vai Muito Bem Obrigado
Em 2003 quando foi lançado o programa brasileiro do biodiesel, a mamona foi eleita como a planta símbolo do biodiesel. Pela propaganda do programa podia-se plantar mamona do Oiapoque ao Chuí. Era plantar e colher lucros. Não se respeitou à vocação agrícola de cada região, o zoneamento agrícola, tipo de solo, entre outras questões elementares para o sucesso do plantio. Em resumo: Plante que o biodiesel garante. O resultado vimos, embora muito pouco divulgado, foram produtores com a mamona colhida, preço abaixo do custo, poucos compradores, etc.etc. Plantou mamona ficou com o mico na mão.
A Conab divulgou a intenção de plantio de mamona para 2006/2007, uma pequena redução de plantio, de cerca de 50% em relação ao ano anterior.
Isto podemos chamar de sucesso... da incompetência.
De nada adianta ficarmos aqui apontando falhas, erros e problemas. Os problemas do biodiesel estão aí. Precisamos apontar soluções. Ninguém, mais do que nós, tem interesse no real sucesso do biodiesel no Brasil. Defendemos desde o inicio usinas regionais, municipais, na forma de integração. Isto quer dizer que o produtor só planta determinada oleaginosa porque tem na mão um contrato de venda garantida de sua safra, com preços, prazos e condições pré-definidas.
Mas isto só não basta. Tanto o governo federal, quanto os estaduais tem a obrigação de repensar a carga tributária. Afinal o biodiesel ainda não nasceu no Brasil, e antes de nascer já lhe foi aplicado entre R$ 0,48 a R$ 58 centavos por litro de impostos, salvo algumas pequenas exceções.
Todo o investidor visa lucros, mesmo os pequenos. No biodiesel, pela atual legislação, ele é primeiro um potencial pagador de impostos, e se sobrar alguma coisa seria lucro, como não sobra nada, não investe.
Ao concebermos uma criança, a gestante passa a ter um tratamento especial, é cercada de cuidados, atenções, etc. A criança ao nascer recebe os mesmos tratamentos, mais alimentação na hora certa, conforme vai crescendo é ensinada a falar, a caminhar, leva alguns tombos, é amparada ao dar os primeiros passos, é carregada no colo, etc.etc.
Qual o amparo que estamos dando para o biodiesel? Afinal ele não nasceu ainda. Não deveríamos dar o mesmo tratamento dados as gestantes?
Pensem nisto! Pelo amor ao biodiesel, a natureza, a ecologia, a camada de ozônio, ao excesso de CO2, ao emprego e renda no campo e ao nosso planeta.
Univaldo Vedana é especialista em biodiesel e responsável pela primeira fábrica de biodiesel do país abrangendo todo o processo de produção.