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Décio Luiz Gazzoni

Canola e biodiesel


Décio Luiz Gazzoni - 05 out 2012 - 12:42
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1.Sumário executivo
O aumento da demanda de biodiesel no mundo tem impulsionado a expansão da produção de óleos vegetais, sendo beneficiados os cultivos com mais vantagens comparativas em cada país ou continente. Uma das vantagens da canola é o fato de tratar-se de excelente cultura para rotação, que proporciona benefícios tanto econômicos como ambientais para o conjunto dos sistemas de produção agrícola.

A expansão do cultivo de canola permite a otimização do uso dos fatores de produção (terra, máquinas, mão-de-obra, etc.) nos sistema de produção de grãos, e melhorias no desempenho da produção de trigo ou outras culturas de inverno, e não a sua substituição, mesmo porque o cultivo continuado de canola, na mesma área, também não é desejável.

É relevante salientar que a cultura da canola, mesmo que o seu cultivo apresente forte incremento, não acarretará necessidade de expansão da área agrícola no Brasil, pela existência de áreas já agricultáveis que permanecem ociosas nestas regiões durante parte do ano. Como exemplo, cita-se o Rio Grande do Sul, onde as culturas de soja e milho juntas ocupam, aproximadamente, 5 milhões de hectares no verão; já no inverno são cultivados somente 1,8 milhão de hectares, entre trigo e outros cereais. Esta área subaproveitada poderia ser utilizada para produzir canola, seja para a produção de alimentos ou para bioenergia, sem a necessidade de abertura de novas áreas de exploração agrícola e seu consequente impacto no meio-ambiente.

Embora seja de uso corrente no Hemisfério Norte, cultivares transgênicas tolerantes a herbicidas não foram introduzidas na América do Sul. Assim, a canola produzida no Brasil e países vizinhos poderá desfrutar de benefícios em mercados, como o europeu que possui determinadas restrições a OGMs.

As perspectivas para os próximos 10-15 anos, considerando o presente cenário de negócios e de avanços tecnológicos, indicam oportunidades e desafios para a expansão da produção mundial de canola. A percepção internacional, no cenário convencional, é que a expansão da produção de canola será limitada pelo consumo elevado de água, emissão de N2O e pelo custo dos insumos. Entretanto, as experiências no Brasil demonstram que a canola, principalmente por seu sistema radicular mais profundo que outros cultivos de safrinha, consegue produzir em regiões onde outros cultivos se mostraram inviáveis, sem incorrer nas limitações acima mencionadas.

No cenário de avanço tecnológico, a tecnologia transgênica (que não se utiliza na América do Sul), vai desempenhar um papel importante na melhoria da resistência da canola a insetos e doenças e no aumento da eficiência de utilização de nutrientes. Um desafio está na tecnologia de biodiesel à base de algas, que poderá ser mais rentável se comparada ao biodiesel de canola. Entretanto, enquanto a tecnologia e os meios para produção de canola são uma realidade atual, a produção de biodiesel de algas depende do desenvolvimento de sistemas de produção técnica e economicamente viáveis.

2. Introdução
A conscientização acerca do impacto das emissões provenientes da queima de combustíveis fósseis sobre a mudança do clima motivou o aumento da demanda por biocombustíveis, como fonte alternativa de energia na Europa.

Globalmente, a produção e o consumo de biocombustíveis se concentram nos EUA, Brasil e Europa, mas com ênfases diferentes. O etanol produzido de milho (Zea mays L.) é o biocombustível mais importante nos EUA, enquanto o biodiesel de óleo vegetal, principalmente de óleo de canola, é predominante na União Europeia (EU-27). O biodiesel de óleo de soja (Glycine max Merrill) é um produto comum aos EUA e ao Brasil, e aqui nosso bioetanol vem da cana-de-açúcar (Saccharum officinarum).

O Velho Continente não se caracteriza como uma região de produção agrícola em larga escala. Assim, o surgimento da demanda por biocombustíveis implicou em aumento correspondente da demanda por biomassa, acirrando a disputa pelas parcas áreas agrícolas disponíveis. A Europa se vale de cereais e da beterraba açucareira para produção de etanol. Para obter biodiesel, a grande opção de produção de matéria prima local tem sido “Oilseed Rape”, ou colza, conhecida nas Américas como canola (Brassica napus L.).

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A experiência de produção de canola no Brasil iniciou em 1974, no Rio Grande do Sul, mas poucos produtores brasileiros possuem tradição de produção extensiva de canola. O Programa de Produção e Uso de Biodiesel constitui uma nova oportunidade para estabelecer o seu cultivo de forma extensiva no país, já existindo várias iniciativas de sucesso no fomento à produção de canola. Esta revisão fornece uma visão abrangente da canola como matéria-prima para produção de biodiesel na Europa e, em alguns casos, com referência ao seu cultivo no Canadá.

A canola é uma das principais oleaginosas do mundo com a maior produção na China, Canadá, Austrália e Europa (Friedt Obermeier, 2011), conforme mostrado na Figura 4. É o principal cultivo do Canadá, gerando mais de CDN$ 15 bilhões em atividade econômica por ano, sendo responsável por 228.000 empregos.

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A importância da canola está crescendo mundialmente em relação a outros cultivos devido ao maior teor de óleo (36 a 50%), aos maiores rendimentos, preços favoráveis e margens de lucro atraentes (Wang et al, 2011; Mielke, 2011). Nos últimos 20-30 anos passou de um óleo industrial pouco expressivo e marginal a um produto “premium” altamente valorizado (Kuel Hart, 2011).

O óleo de canola tem crescido em importância como insumo para a expansão da produção de biocombustível, absorvendo 7 Mt, quase 70% do consumo de óleo de canola na UE-27, em 2010 (Mielke, 2011). Em função do aumento de demanda interna a UE, além do incremento da produção local (Figuras 5 e 6), deve aumentar a importação de grãos e óleo nos próximos anos. O preço atingiu o recorde de €520/t de grãos, em janeiro de 2011. Na UE, mais de 75% do biodiesel é produzido a partir de óleo de canola.

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Por mudanças no marco normativo de importação da UE-27, houve uma reconfiguração no elenco de países exportadores de biodiesel entre 2010 e 2011 (Figuras 7 e 8). Devido à sua capacidade de produção de matéria prima e de processamento de biodiesel, o Brasil poderia disputar este mercado, desde que outros problemas não técnicos ligados à exportação, mormente cambiais, tributários e de infraestrutura, sejam devidamente equacionados.

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Uma análise das políticas públicas com mandato compulsório de misturas indica uma demanda de, aproximadamente, 35 Mt/ano, muito superior à produção atual do mundo (Figura 9).

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Este é outro argumento poderoso para solucionar os entraves à exportação de biodiesel pelo Brasil, permitindo que o país possa participar de um mercado que se afigura aberto e remunerador, posto que sua produção é similar à Argentina, grande exportador para a UE, apesar da maior demanda do mercado doméstico brasileiro (Figura 10). Conjunturalmente, não pode ser olvidado que as diversas investidas do Governo argentino contra as regras de livre comércio [1], além da desapropriação da REPSOL espanhola, estão gerando represálias às exportações argentinas.

É possível perceber que o Brasil se encontra no estado da arte da produtividade mundial de soja (Figura 11), muito acima dela no que tange a algodão, porém abaixo da média mundial de girassol, canola, amendoim e mamona. No caso da canola, a produtividade obtida pelo Brasil, na década passada, equivale a, aproximadamente, 60% da produtividade mundial. Este fato não deixa de ser um alento, pois demonstra que ainda temos, no mínimo, um espaço de crescimento na produtividade de canola de 40%, utilizando tecnologias já desenvolvidas, para atingir o patamar de outros países.

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Em termos de balanço de oferta e demanda de cada país grande produtor de canola, na China, toda a produção de canola é usada para consumo humano, doméstico ou industrial, no mercado doméstico. Aproximadamente 30% da canola produzida na UE-27 são usados internamente para fins nutricionais, sendo o restante usado para produção de biodiesel, especialmente na Alemanha e na França. No Canadá, as oleaginosas são produzidas visando principalmente o mercado de exportação, contribuindo com CAD$ 15 bilhões anualmente para a economia canadense.

O crescimento da demanda global de óleo vegetal tanto para usos alimentares, quanto energéticos e para a oleoquímica, continuará impulsionando o cultivo de oleaginosas no mundo, entre elas o de canola. A oferta de óleos visa a atender o conjunto da demanda, deixando por conta do mercado a destinação de cada óleo específico (soja, canola, girassol ou palma) para as diferentes finalidades.

A recente disparada da cotação da soja indica, uma vez mais, a necessidade de diversificação da produção de oleaginosas que tenham a dupla vocação de produzir óleo e farelo, caso do girassol e da canola, como sucedâneos da soja. Como tal, resulta necessário discutir alguns aspectos do cultivo de canola, à luz da sustentabilidade do sistema para produção de biodiesel, em especial se considerarmos as oportunidades de exportação.

3. Situação atual
Aparentemente as questões agronômicas não têm muito a ver com a produção de biocombustíveis. Ocorre que, cada vez mais, questões técnicas, ambientais, sociais são esgrimidas para estabelecer o grau de sustentabilidade dos biocombustíveis. Portanto, detalhes do sistema de produção podem fazer muita diferença quando se busca inserir uma matéria prima na cadeia de biocombustíveis. 

Por exemplo, os benefícios de incluir a canola em rotação de culturas são reconhecidos, em especial onde alternativas para culturas de rotação são limitadas, como é o caso dos países frios do Hemisfério Norte. Entretanto, aqui, no Brasil este fato também é muito importantes, seja para ocupação da área não utilizada durante o inverno, ou para promover a melhoria do perfil do solo, que beneficia todo o sistema de produção, tanto com ganhos de produtividade, quanto com redução de custos de produção, pela reciclagem de nutrientes.

3.1 Canola no sistema de produção
Como regra geral, o uso de canola como cultura de rotação aumenta o rendimento de todas as demais culturas e reduz a incidência de doenças e de insetos-praga. Um exemplo é a supressão da doença do mal-do-pé do trigo, ocasionada pelo fungo Gaeumannomyces graminis var. tritici, quando a canola é introduzida em rotações dominadas por leguminosas e gramíneas, como no binômio soja e trigo, comuns no sul do Brasil.

No Canadá, com a introdução da canola nos sistemas de produção de grãos, o controle de plantas daninhas foi simplificado, contribuindo na redução da erosão do solo e no aumento do conteúdo de matéria orgânica do solo. Além de melhorar a fertilidade do solo, o aumento da matéria orgânica significa sequestro e imobilização do Carbono no solo, contribuindo para reduzir a sua concentração na atmosfera. 

De acordo com o Dr. Gilberto Tomm, pesquisador da Embrapa Trigo, estudos realizados em propriedades do Sul do Brasil, mostraram que a produção de canola em sistema de plantio direto, em sucessão à cultura da soja, tem efeito positivo na qualidade do solo, na biodiversidade e na recuperação ambiental. O desempenho socioambiental beneficiou-se com a introdução da cultura no sistema, com impactos positivos para praticamente todos os critérios e para a maioria dos indicadores, destacando-se a capacitação dos produtores, a geração de renda e a segurança alimentar. Além disto, evidenciou o adequado manejo dos sistemas produtivos adotados na produção de canola.

Os resíduos do cultivo de canola contém glucosinolatos, que produz isotiocianatos durante a sua degradação no solo, sendo estes compostos letais para muitos organismos patogênicos presentes no solo, e que atacam as culturas. Devido a isso, os resíduos de cultivo de canola são reconhecidamente eficientes para suprimir a sarna preta da batata, causada por Rhizoctonia sp. 

Um alerta perpassa as referencias ao uso de canola como uma cultura de rotação: é o controle das plantas voluntárias em lavouras subsequentes, como resultado da germinação de sementes que caem ao solo no momento da colheita. O problema é agravado no caso de canola resistente ao glifosato.

3.2 Canola transgênica
O cultivo da canola geneticamente modificada, resistente ao glifosato, tem se expandido rapidamente, primeiro no oeste do Canadá e depois pelo resto do mundo, desde que foi introduzida no mercado, em 1995. Globalmente, estima-se que o benefício econômico de cultivo de canola GM alcançou US$93 milhões, entre 1995 e 2005 [2]. Uma importante contribuição para esse benefício econômico é a redução de uso de herbicidas, que também é considerado como um grande benefício ambiental. Apesar da rápida adoção de canola GM, existem algumas preocupações ambientais relativas ao cultivo de canola transgênica – de resto comum a outros cultivos com as mesmas características, como soja ou milho. Essas preocupações são as plantas GM voluntárias; o desenvolvimento de plantas invasoras resistentes ao glifosato; o efeito sobre microrganismos do solo; e a eventual interferência na absorção de nutrientes do solo.

O Brasil e outros países da América do Sul não utilizam variedades transgênicas de canola, embora em outros países, sobretudo no Canadá e nos Estados Unidos, os agricultores utilizem variedades e híbridos de canola transgênica na maioria das lavouras. A tecnologia de canola transgênica para resistência a herbicidas não é, e não deverá ser empregada no Brasil, Argentina e Paraguai, principalmente pelo risco de cruzamento com várias espécies de crucíferas nativas ou plantas voluntárias de espécies cultivadas como a nabiça e o nabo forrageiro. Existe potencial risco de cruzamento com a canola, a qual apresenta taxa de fecundação cruzada superior a 20% (Hall et al., 2000).

3.3 Canola e plantio direto
No Brasil, a canola é cultivada exclusivamente no sistema de plantio direto, o que constitui vantagem competitiva, econômica e ambiental muito importante em relação aos grandes produtores mundiais da cultura, como China, Europa e Índia, os quais, na maioria das áreas, cultivam a canola em sistemas de manejo com revolvimento do solo. A vantagem econômica do SPD se dá no menor uso de combustíveis fósseis, como óleo diesel, devido ao menor trânsito de máquinas na lavoura em função do menor número de operações agrícolas e pela maior largura de operação de pulverizadores, em comparação com arados e grades empregados no preparo de solo; bem como pelo menor impacto ambiental através da menor exposição da lavoura à erosão, maior retenção de água no solo e menor perda de nutrientes que, no longo prazo, reduz a demanda de determinados fertilizantes.

3.4 Canola e a melhoria do perfil do solo
Por pertencer à família das crucíferas, a planta de canola possui um caule ereto com raiz pivotante, com grande número de raízes secundárias fasciculadas, que favorecem a descompactação natural das áreas em que é cultivada, por se aprofundar mesmo em solos compactados. A raiz pivotante da canola também favorece a cultura, por explorar maior volume de solo agrícola, e por atingir camadas mais profundas do solo, permitindo a reciclagem de nutrientes que estão abaixo da profundidade explorada por outros cultivos agrícolas. 

Essas características tornam a canola muito mais eficiente no aproveitamento de nutrientes minerais e, sobretudo de água, do que outros cultivos de cereais, como o milho e o trigo. A melhoria do perfil do solo também permite melhoria da sua capacidade de armazenagem de água, reduzindo o impacto de estiagens durante o cultivo da canola ou outras culturas em rotação ou sucessão.

Além do benefício direto ao produtor, o menor uso de agrotóxicos contribui para melhorar os índices de sustentabilidade do sistema, pois acarreta em menor custo, redução do impacto na biodiversidade e diminuição das emissões de gases de efeito estufa devidas à produção de agrotóxicos.

A canola também pode ser utilizada como uma cultura de cobertura de inverno para reduzir a lixiviação de nutrientes mais solúveis; para mobilizar o fósforo e potássio do solo, que são de mais difícil acesso por outras culturas; para melhor a eficiência global do uso da água do solo onde é esta limitada; e para melhorar a estrutura do solo, incluindo a sua porosidade e agregados do solo.

4. Perspectiva de futuro
A demanda por biodiesel nos EUA, na UE e na Ásia vai continuar a aumentar, ao menos até a década de 2030. O aumento da demanda de biodiesel será impulsionado, principalmente, pela pressão para reduzir as emissões de CO2, pelo aumento de custo do petróleo e pela redução do tamanho de suas reservas.

Para conferir magnitude à análise, em 2005, a UE-27 produziu 1,5 Mt de biodiesel, representando 2% do consumo de combustíveis para transporte; em 2011, a produção foi pouco superior a 7 Mt, situando-se em torno de 3% da oferta de combustível. Considerando a diretiva que impõe a proporção mínima de 10% biocombustíveis no total do combustível de transporte na UE-27, em 2020, um aumento significativo na produção (ou importação) de biodiesel será necessário, pois a estimativa é de uma demanda superior a 24 Mt de biodiesel. Como a especificação do biodiesel para uso na UE claramente privilegia o uso de óleo de canola [3], seria de todo conveniente atentar para este aspecto técnico-regulatório, como forma de facilitar a inserção mercadológica para exportação.

A leitura de análises correntes sobre as perspectivas do cultivo de canola para finalidades energéticas permite agrupá-las em dois grandes cenários: um deles seria o convencional (business as usual) e outro prevendo rupturas, especialmente aquelas baseadas em inovações tecnológicas.

4.1 Cenário convencional
Se forem utilizadas as tecnologias de produção atuais para satisfazer a demanda de biodiesel mundial, será necessário expandir a área cultivada, inclusive de canola. Como o incentivo dos Governos à adoção de biocombustíveis passa por momentos de alta e de baixa, a expansão da área cultivada de canola não será linear e também irá passar por altos e baixos nos próximos 10-15 anos. A área disponível para expansão da canola, considerando seus requerimentos edafoclimáticos e as oportunidades de inserção nos sistemas de produção e nas cadeias produtivas, difere para cada país.

Para a UE-27 cumprir a meta de uso de biodiesel de 10% em 2020, seria necessário utilizar 4,6 Mha de terra, mais que o dobro dos 2,1 Mha cultivados em 2006. Entrementes, segundo a maioria dos analistas, o máximo de área agricultável disponível para a produção de canola para o biodiesel na UE-27 é de 2,9 M ha – logo faltam 1,7 Mha. Devido à proximidade geográfica, e aos interesses comerciais e geopolíticos envolvidos, essa lacuna favorece as exportações da Rússia e da Ucrânia, países onde a área de cultivo de canola está crescendo rapidamente; ou por importação do Canadá, que já é um produtor estabelecido e tradicional no mercado internacional. Apesar da análise desfavorável, cumpre ao Brasil posicionar-se competitivamente, eliminar os seus entraves que autoimpôs à sua exportação, e disputar esse mercado auspicioso.

4.1.1 Expansão do cultivo
Em uma hipótese teórica, a expansão da canola  nos EUA, provavelmente, teria que contar com uma parcela da área de 14 Mha do Conservation Reserve Program (CRP). Isto porque, há mais de 20 anos, não há aumento da área líquida de cultivo de grãos naquele país, e o aumento da área de uma cultura se dá à custa da diminuição de áreas de outras, em um constante trade off, modulado pelos preços relativos entre elas. Com o concomitante aumento da demanda de milho e soja, não é crível que ocorra um espaço para crescimento ponderável do cultivo de canola. 

No Canadá, estima-se que será necessária área adicional para atingir a produção estimada de 15 Mt de canola, em 2015, de acordo com o Canola Council of Canada. Na Austrália, estima-se haver até 3,5 Mha de terra disponível para o crescimento do cultivo de canola. Apesar de a China ser o maior produtor mundial de canola, a importação, especialmente do Canadá, gira em torno de 1 Mt anuais. Não há terra disponível para expansão do cultivo de canola na China, portanto o país deverá pressionar o mercado mundial como um forte demandante, ainda que para fins alimentares.

Neste particular, é sempre importante analisar se a expansão de culturas para produção de biocombustíveis irá competir com a produção de alimentos. Até 2050, a população mundial deverá aumentar para cerca de 9 bilhões de habitantes, um crescimento explosivo (mais de 2 bilhões de pessoas adicionais), que vai coincidir com um aumento na demanda por biocombustível, impulsionado pelas preocupações relacionadas às mudanças climáticas e pelo declínio das reservas de petróleo e gás. 

De acordo com a FAO, a área mundial de produção de biocombustíveis irá aumentar de 1% em 2004 para 4,2% em 2030, relativamente à área total cultivada [4]. Assim, em uma análise preliminar, haveria uma competição pelo uso desta área, que poderia ser destinada para a produção de alimentos. A canola, uma das culturas bioenergéticas, parcialmente contribuiria para essa concorrência, assim como a soja ou o girassol. Entretanto, não pode ser olvidado que, entre 20 e 40% do produto da colheita é destinado para a produção de energia (óleo), enquanto a fração proteica continuará sendo destinada à produção de alimentos. 

Entrementes, em países como o Brasil, onde há possibilidade de três safras anuais em sucessão, culturas como a canola, que se inserem vantajosamente em sistemas de produção, além de não pressionar por aumento de área, ocorre o inverso, ou seja, otimização do uso da área já antropizada.

4.1.2 Demanda de água
Outra discussão será muito importante, no futuro próximo: o uso de água na agricultura. E, uma vez mais, a competição, dentro da produção agrícola, entre a demanda de água para produção de biocombustíveis ou para a alimentação vai desafiar os tomadores de decisão em muitos países, de forma similar ao conflito por área. 

Obviamente que o primeiro critério sempre será se existe déficit hídrico, se há necessidade de suplementação, se efetivamente ocorre uma competição por água. Mas, paralelamente, outras discussões serão estabelecidas, como a demanda de água de cada cultivo, em função de seu potencial produtivo.

A eficiência do uso da água (definida como o quociente entre o volume de grãos produzidos e o volume de água utilizado) será crucial para estabelecer a competitividade das culturas, para ocupar o mesmo nicho mercadológico. Portanto, a relação entre a demanda de água de canola, para uma determinada produção de grãos (ou de óleo vegetal), vis a vis culturas concorrentes como soja ou girassol, será um parâmetro importante quando a discussão sobre o consumo competitivo de água se instalar.

Na análise da demanda de água entre as culturas para produção de biocombustíveis, a canola demanda entre de 67 m3/GJ (Holanda) até 214 m3/GJ (Brasil) e 113 m3/GJ nos EUA (Gerbens-Leenes et al., 2009 a). Comparativamente, os mesmos estudos indicaram demandas para milho a partir de 9 m3/GJ (Holanda), 39 m3/GJ (Brasil) e 18 m3/GJ nos EUA. Em uma perspectiva global, a canola ocupa o segundo lugar em termos de demanda de água, com 383 m3/GJ, similar ao pinhão-manso, que demanda 396 m3/GJ, entre 13 culturas produtoras de matéria prima para biocombustíveis (Gerbens-Leenes, 2009b). Por oportuno, este valor desmistifica a tese propalada de que o pinhão manso seria tolerante ao stress hídrico.

O uso da água para produção de matéria-prima para biocombustíveis varia muito entre os países. Por exemplo, são necessários 1,482 m3 de água para produzir uma tonelada de grãos de canola na Alemanha, em contraste com 9,9 m3/t na Índia. A média global mostra uma demanda de 14.200 litros de água (incluindo a água usada para tratamento de resíduos) para produzir 1 litro de biodiesel a partir de canola, em comparação com 13.676 litros para produzi-lo com soja. Em comparação, apenas 1.388 e 2.570 litros de água são necessárias para a produção de 1 litro de etanol, a partir de beterraba e milho, respectivamente. Esta análise indica claramente que, se a água torna-se um constrangimento para a produção de biocombustíveis, mais área pode ser direcionada para culturas de baixa demanda hídrica.

O impacto da restrição de água para produção agrícola varia de acordo com os países. Berndes (2002) e Gerbens-Leenes (2009b) mostraram o impacto da produção de biocombustíveis na demanda de água agrícola, e que a produção de bioenergia pode induzir estresse hídrico em diferentes países. Com base na disponibilidade de água e retirada de água per capita, 42 países que representam 90% da terra arável mundial, foram colocados pelo autor em quatro grupos: escassez absoluta, escassez, estresse e sem estresse. Países como a Nigéria podem atingir o nível de estresse de água com a produção de biocombustíveis, enquanto outros como China, Índia e Turquia, o estresse hídrico seria muito agravado. África do Sul e Polônia experimentariam estresse hídrico severo. Rússia, Canadá, EUA, Indonésia e Brasil estão no grupo de não estresse hídrico, mesmo com a expansão dos cultivos de biocombustíveis. 

O artigo de Berndes (2002) dá uma perspectiva baseada na população total do país e na disponibilidade de água. No entanto, dentro de um país, existem grandes diferenças entre regiões. Por exemplo, grande parte da produção no Canadá ocorre na área semiárida do oeste do país, onde a água pode ser um problema, embora o país, como um todo, não apresenta escassez de água.

4.1.3 Demanda de fertilizantes
Outro tema importante, que remete à sustentabilidade do cultivo de canola, é a demanda de fertilizantes, em especial pelo seu custo elevado. Em um relatório da FAO (2008) [5], duas perspectivas são apresentadas. Em uma delas, Smeets e Faaji estimam um aumento entre 1 e 8% do consumo total mundial de fertilizantes por culturas de biocombustíveis em 2011/2012 e entre 2 e 16% em 2030. Outra estimativa citada no relatório é que as culturas de biocombustíveis responderiam por 27,6% do consumo mundial de fertilizantes, em 2010/2011, o que nos parece claramente superestimado.

De acordo com o Canola Council of Canada, para 1.960 kg/ha de biomassa acima do solo, a canola requer 112-134 kg N, 17-28 kg de P, 67-134 kg K e 22-28 kg S. Outra análise importante é se a expansão do cultivo de canola ocorreria em rotação com outras culturas, ou em solos de primeiro cultivo. No caso de rotação, a demanda de fertilizantes sempre é menor, pelo melhor aproveitamento de cada cultura, dentro do sistema.

4.1.4 Produção orgânica
Uma grande proporção de área cultivada com canola no mundo deverá ocorrer com canola GM (com exceção da América do Sul), tolerante a glifosato, portanto as preocupações sociais e ambientais sobre o impacto de variedades tolerantes a herbicidas continuarão em discussão. Em especial a polinização cruzada, e a possibilidade de contaminação de produção orgânica, que é ponderável na Europa, Canadá e Austrália, se constituem em preocupação, juntamente com a transferência do gene de resistência ao glifosato para plantas invasoras, que sejam compatíveis para cruzamento com canola GM. 

Entretanto, as estatísticas disponíveis (Cóleno et al., 2005) mostram que, tanto no Canadá, quanto nos EUA, não houve redução da área de produção de agricultura orgânica, após a introdução da canola GM, a partir de 1995. Em teoria, a área de canola sob cultivo orgânico teria sido reduzida, caso houvesse contaminação das cultivares convencionais, pela polinização cruzada.

4.1.4 Impacto ambiental
A temática do impacto ambiental vai necessitar de muito investimento em pesquisa, nos próximos anos, para clarificar os fatos. Por exemplo, o impacto das culturas GM na biomassa microbiana do solo, e de suas funções ecológicas, é um tema muito controverso. Embora o impacto inicial seja constatado, a alta capacidade de recuperação da população eclipsa esse impacto inicial. O escape gênico para os ecossistemas é um tema complexo, que demandará muito estudo nos próximos 10-15 anos.

A análise do ciclo de vida de gases de efeito estufa (GEE) poderia ter um impacto negativo sobre a expansão do cultivo da canola. Na comparação das emissões de GEE de biodiesel com diesel de petróleo, a grande vantagem é a menor emissão de GEE de biodiesel. No entanto, existe uma controvérsia, porque alguns autores não contabilizam integralmente as emissões durante a produção de matéria-prima. 

Por exemplo, Crutzen et al. (2008) calcularam que, devido às emissões da fabricação e aplicação de fertilizantes, especialmente considerando o óxido nitroso (N2O), o uso de biodiesel produzido com canola resultaria em aumento no total de emissões de GEE, em vez de redução. Já a conclusão oposta também é fornecida pela análise do ciclo de vida efetuada pela Global Renewable Fuels Alliance, que indica que cada litro de biodiesel consumido na UE resulta em 2,13 kg de redução de CO2. 

Globalmente, os cereais e oleaginosas contribuem com 80% das emissões totais de N2O do setor agrícola, por sua vez o segundo maior emissor global, com 17% das emissões, perdendo apenas para os 31% do setor de geração de energia elétrica e calor. A menos que haja uma melhoria drástica na eficiência de absorção e uso de N da canola, e consequente redução das emissões de N2O, a canola pode ser prejudicada na comparação com outras matérias primas para produção de biodiesel, no que diz respeito às emissões de GEE.

4.2    Cenário de avanço tecnológico
Este é o cenário mais provável para os próximos anos, indicando avanços tecnológicos. Mc Laren (2005) atribui a sustentabilidade futura da canola às inovações na área de biotecnologia, como as novas variedades de canola resistentes a doenças e insetos, com maior eficiência do uso de água e de nutrientes. Estes avanços irão reduzir os custos de produção e diminuir as emissões de gases de efeito estufa, ajudando na expansão da área cultivada com canola como cultura energética. 

No entanto, a melhoria da tecnologia também pode ocorrer em outras áreas, além da biotecnologia. Por exemplo, Hummel et al. (2009) mostrou que a canola consorciada com trigo pode reduzir os danos à raiz da canola, causada por larvas da raiz (Delia spp.). Avanços tecnológicos conjuntos, de biotecnologia e genética clássica, devem ocorrer nos próximos 10-15 anos, em duas áreas principais: melhora na eficiência do uso de N e no desenvolvimento de cultivares resistentes a insetos-praga e a doenças.

4.2.1 Fertilizantes
Avanços tecnológicos serão fundamentais, em especial em relação ao uso de fertilizantes. Uma das grandes desvantagens da canola, na comparação com a soja como matéria-prima no mercado do biodiesel, é o alto custo do fertilizante nitrogenado. Pimentel et al. (2008) compararam o custo de insumos para produzir 1.000 kg de biodiesel nos EUA, mostrando que a produção a partir de óleo de canola (US$ 1.625,34) custa mais que a soja (US$ 1251,74), sendo o uso de fertilizantes a principal causa. Uma forma de reduzir essa diferença é o uso da canola em sucessão à soja, aproveitando o nitrogênio residual fixado simbionticamente pela leguminosa.

Os resultados de experimentos de campo em Minnesota e Dakota do Norte, utilizando canola GM com utilização mais eficiente do nitrogênio (GMNUE), mostraram que, sem adição de N, o rendimento médio foi 898 kg/ha superior para as variedades de canola GMNUE do que para as variedades convencionais, indicando o potencial de menor aplicação de fertilizantes nitrogenados para a cultura. Estas variedades ainda estão em estudo, porém representam um alento para reduzir o impacto das emissões de GEE pelo cultivo de canola.

4.2.2 Fitossanidade
Uma inovação que representará um grande avanço tecnológico é o uso de canola GM altamente resistente a insetos e doenças, que são problemas sérios para o cultivo da oleaginosa. Por exemplo, nos EUA e Canadá, as doenças como canela-preta (Leptosphaeria maculans), Esclerotinia (Sclerotinia sclerotiorum), Hérnia das crucíferas (Plasmodiophora brassicae) e insetos, como lagarta (Plutella xylostella L.), besouros (Phyllotreta cruciferae Goeze, Phyllotreta striolata [F.]), lagartas roscas (Euxoa ocbrogaster, Euxoa auxiliares, Mamestra configurata Walker), por exemplo, podem reduzir drasticamente a produção de grãos da canola. 

Atualmente, a rotação é uma das técnicas para reduzir a incidência de doenças e insetos; o uso de fungicidas e inseticidas representa a última instância para evitar prejuízos à cultura. No caso do algodão, milho e, mais recentemente, soja, já existem variedades Bt (Bacillus thuringiensis), que conferem resistência a lagartas desfolhadoras. No futuro próximo, a canola também será beneficiada pela tecnologia.

4.2.3 Uso do farelo
A exploração e expansão da utilização de farelo de canola irão aumentar as receitas com a produção de canola. O farelo de canola já encontra seus usos na alimentação de ruminantes, de aves e de peixes. A utilização do farelo de canola na formulação de ração para animais, bem como para outros usos, trará lucro adicional e terá um impacto positivo na cadeia produtiva da canola, além de reflexos benéficos no sistema de produção como um todo.

Trabalhos de pesquisa publicados nesta área têm indicado que é altamente improvável que genes transgênicos possam estar presentes em produtos alimentares, provenientes de animais alimentados por farelo de canola transgénica. Em última análise, todos os avanços tecnológicos na produção e processos de canoa e de subprodutos ampliarão os usos do farelo de canola, reforçando a canola como uma colheita de bioenergia na competição com outras culturas candidatas.

4.2.4 Tecnologias de processo
O avanço tecnológico nos setores relacionados ao biodiesel também vão desafiar a canola como matéria-prima do biodiesel. Recentemente, tecnologias à base de algas para produção de biodiesel estão avançando rapidamente, e o biodiesel de algas tem sido considerado como o mais promissor para substituir o petrodiesel como combustível para transporte. Melhorias na tecnologia, especialmente no uso da engenharia genética e metabólica, além de fotobiorreatores de alta eficiência, podem tornar o biodiesel de algas o mais competitivo no mercado. Igualmente, o desenvolvimento de sucedâneos de petrodiesel que não o biodiesel, por processos biotecnológicos que usem como matéria prima outras fontes de biomassa (por exemplo, diesel vegetal de cana-de-açúcar), também podem afetar negativamente o avanço da cultura, no médio e longo prazo. 

Notas:
[1] 
Japão, EUA e UE-27 iniciaram processos de investigação de violação dos acordos firmados na criação da Organização Mundial do Comércio, junto a este órgão.
[2] O valor foi estimado por Fulton, M. & Keyowki, L. 1999. The producer benerfit of herbicide-resistant canola. AgBioForum 2, 85-93; por Monjardino, M.; Pannel, D. J. & Powles, S. B. (2005). The economic value of glyphosate-resistant canola in the management of two widespread crop weeds in a western Australian farming system. Agric. Systems 84, 297-315; e por Brooks, G. & Barfoot, P.  2006. Global impact of biotech crops: socio-economic and environmental effects in the first ten years of commercial use. AgBioForum 9, 139-151.
[3] A grande diferença ocorre na estabilidade oxidative, devido à menor proporção de ácidos graxos polinsaturados no óleo de canola.
[4] FAO Factsheet, Climate change, energy and food (FAO 2008, delegates folder High Level Conference). 
[5] FAO – Food and Agriculture Organization. 2008. Current world fertilizer trends and outlook to 2011/12. FAO, Rome, Italy.

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