PUBLICIDADE
CREMER2024 CREMER2024
Biodiesel

Unicamp pesquisa nova mistura para queima de combustível


Fapesp - 28 jun 2006 - 08:40 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:22

A queima tóxica do diesel, feita dentro dos motores automotivos, pode ficar um pouco menos nociva para a saúde humana e para o meio ambiente. É o que indica pesquisa realizada na Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que aponta que misturas parciais de diesel e biodiesel podem reduzir a emissão de poluentes.

O estudo do engenheiro André Valente Bueno, apresentado como tese de doutorado, demonstrou uma redução média de 14% para a emissão de material particulado (fuligem) com a adição de 20% de biodiesel. Foi registrada também uma redução de 5% para as emissões de óxidos de nitrogênio.

Esses óxidos, além de ajudarem na formação da chuva ácida, também são considerados precursores do ozônio, substância química altamente nociva se presente em altas concentrações na atmosfera, como ocorre com freqüência nas grandes metrópoles do mundo.

Apesar do ganho ecológico, o consumo da mistura provocou perda de 1,5% na potência do motor. O consumo foi praticamente o mesmo. Para não ocorrer perda de potência e consumo, a mistura precisa ser feita em proporções diferentes.

"Considerando desempenho e economia, a condição operacional ideal para o motor é adicionar 10% de biodiesel ao óleo diesel", disse Bueno à Agência FAPESP. Segundo ele, essa concentração proporcionou um aumento de cerca de 1,5% na potência do motor e uma redução de 2% no consumo de combustível. Mas, nesse caso, o ganho ecológico deixa de existir.

O estudo mostrou ainda que a emissão de poluentes pode variar, para mais ou para menos, de acordo com a tecnologia empregada pela indústria automobilística. "Como o estudo foi feito em motor de médio porte, usado em picapes, um motor de alta tecnologia pode até emitir menos poluentes com os 20% de biodiesel. As taxas de consumo e desempenho variam muito pouco de motor para motor", disse Bueno.

O trabalho, intitulado Análise da Operação de Motores Diesel com Misturas Parciais de Biodiesel, foi orientado por Luiz Fernando Milanez, da Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp, e por José Velásquez, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).

Os ensaios experimentais, realizados nos laboratórios da PUC-PR, foram feitos com biodiesel produzido a partir do álcool etílico e do óleo de soja, matérias-primas encontradas em abundância no Brasil.

Em janeiro de 2005, o governo federal publicou a Lei 11.097, que dispõe sobre a obrigatoriedade da adição de um percentual mínimo de biodiesel ao óleo diesel comercializado em qualquer região do território nacional. Esse percentual deverá chegar a 5% até oito anos após a publicação da lei, havendo um percentual obrigatório intermediário de 2% nos três primeiros anos.

A lei foi elaborada no âmbito do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), projeto interministerial que tem o objetivo de promover a produção e o uso do biodiesel de forma sustentável, com enfoque na inclusão social e no desenvolvimento regional. [Fapesp]

Por Thiago Romero