Oferta de matéria-prima preocupa setor de biodiesel na China

A China, segundo maior país importador de petróleo, planeja começar a utilizar biodiesel para o abastecimento de veículos no ano que vem, numa tentativa de diminuir a dependência do combustível fóssil, afirmaram nesta quarta-feira autoridades da indústria.

Entretanto, as fontes alertam que a oferta adequada de matéria-prima para a produção dos combustíveis renováveis é uma preocupação.

Até agora, a China não introduziu o uso do biodiesel, feito geralmente a partir de óleos vegetais, embora o país já seja o terceiro maior produtor de álcool e esteja expandindo seu uso para mais cidades e províncias.

As autoridades, reunidas para uma conferência sobre biodiesel em Pequim, disseram que o país introduzirá regras para misturar combustível convencional com 5 por cento de biodiesel.

Zhang Yongguang, diretor do Research Institute of Petroleum Processing, da China Petroleum and Chemical Corp. (Sinopec), declarou que muitos investidores estrangeiros e privados já estão construindo unidades produtoras de biodiesel na China.

Elas irão elevar a capacidade anual em até 3 milhões de toneladas, em comparação a apenas 100 mil toneladas atuais, disse ele.

A Sinopec também planeja construir uma fábrica com capacidade de produção de 50 mil toneladas por ano, possivelmente na região de Xinjiang, que utilizaria caroço de algodão como matéria-prima, explicou Zhang.

Xingjiang é a maior área produtora de algodão do país, produzindo anualmente quase 2 milhões de toneladas.

Segundo o diretor, a nova fábrica utilizaria caroço de algodão, semente de colza e outras oleaginosas como matéria-prima.

Autoridades da indústria disseram que a maior preocupação é conseguir matéria-prima suficiente para produzir biodiesel, já que a China já enfrenta uma escassez de óleos vegetais, importando todos os anos grandes quantidades de soja, óleo de soja e óleo de palma.

"O principal problema para desenvolver a indústria é a matéria-prima", disse Zhang.

"Devido ao aumento dos preços mundiais do petróleo, não é viável importar óleos comestíveis para produzir biodiesel", disse ele.

Segundo as autoridades, é improvável que o governo abra completamente o mercado de biodiesel para investidores privados, especialmente num momento em que a indústria precisa de grandes subsídios. A restrição também deve ajudar a evitar uma competição acirrada por matéria-prima.

"Se abrirmos o mercado, muitas fábricas pequenas iriam entrar. Como podemos garantir a segurança do meio-ambiente e a oferta de matéria-prima?", questionou Shi Lishan, chefe de divisão da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma.

Por Niu Shuping