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Biodiesel

Primeiro Plano - Crise anunciada


Diário do Grande ABC - 07 mar 2006 - 07:50 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:22

A recente crise dos combustíveis – com drásticos aumentos de preço do álcool e da gasolina na última semana – não é reflexo simplesmente do atual embate entre usineiros e governo federal em torno de estoques reguladores e do valor dos preços ao consumidor. Na verdade, é decorrência do “vácuo” que vem sendo deixado pelo poder público brasileiro há alguns anos.

Ao ver o potencial de crescimento dos carros flex, prestes a invadir o mercado nacional ainda em 2003, o governo federal perdeu a grande chance de implantar uma política mais sólida voltada para a produção de álcool, facilitando o investimento na construção de novas usinas.

Existem hoje mais de 80 usinas de álcool sendo construídas no Brasil, mas isso não aliviará o quadro nos próximos meses – uma usina leva de três a quatro anos para entrar em funcionamento, segundo a Unica (União Nacional da Indústria Canavieira).

Em vez de facilitar os investimentos na criação de novas usinas, o que aliviaria a pressão sobre o mercado interno, o governo federal apenas explorou politicamente uma suposta mudança na matriz energética brasileira – cuja pauta ainda inclui o biodiesel –, abrindo inclusive um programa de exportação de álcool pela Petrobras.

Medidas como a redução de 25% para 20% da adição de álcool anidro na gasolina são todas paliativas, sem chegar perto de resolver o problema do combustível. Não estamos (ainda) revivendo a derrocada do Pró-Álcool, mas sofremos com a falta de uma política consistente para o setor.

Leone Farias