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Biodiesel

Mercado reclama falta e contradiz sindicato


Diário de Cuiabá - 06 jan 2008 - 13:12 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23

O estoque de biodiesel nas distribuidoras não está sendo suficiente para atender toda a rede de postos de Mato Grosso, cerca de 750 pontos pelo Estado. Algumas distribuidoras estão com escassez de biodiesel - utilizado na mistura com o óleo diesel – enquanto outras simplesmente ainda não receberam o produto das unidades produtoras. Já o estoque de diesel está normal. Apesar do momento, gerentes e executivos das distribuidoras acreditam que o problema chegará ao fim na próxima semana.

“Na verdade, estas dificuldades em relação ao suprimento de biodiesel já estavam previstas, pois era impossível que todas as distribuidoras estivessem com a situação normalizada logo na primeira semana da mudança (obrigatoriedade no uso do biodiesel para adição ao diesel na proporção de 2%)”, disse uma fonte da Gerência da Distribuidora Watt, que atende a 30 postos revendedores de Mato Grosso.

A fonte, que pediu para não ser identificada, informou que ainda há estoque de diesel na companhia. “Só depois que esgotarmos este estoque é que passaremos a comercializar o biodiesel”, frisou.

A distribuidora aguarda para a próxima semana a primeira remessa de biodiesel da unidade produtora. O estoque na companhia daria para atender os postos por mais dois ou três dias.

A distribuidora Idaza também está com problemas de estoque. “Não há produto para atender todos os postos. Estamos distribuindo um pouco para cada estabelecimento”, afirmou o diretor da empresa, Eduardo Piccini. Em Mato Grosso, a Idaza atende 300 postos revendedores. Piccini diz que o problema deverá ser contornado dentro de uma semana.

Na distribuidora Simarelli, a distribuição vem sendo realizada normalmente, segundo informações da empresa. “Na nossa companhia está normal. Houve um atraso inicial da entrega por parte da unidade produtora, mas a situação já está normalizada”, disse um funcionário da empresa. A distribuidora atende a cerca de 60 postos e todos os estabelecimentos da rede estariam abastecidos com biodiesel.

POSTOS – Nos postos revendedores, a situação parece normal. Pelo menos segundo informações dos gerentes, há estoque e por isso as empresas não estão recebendo reclamações dos consumidores.

No posto Goiabeiras, atendido pela distribuidora Idaza, o abastecimento não sofreu problemas até agora. “Na verdade, a venda de diesel é pequena e o estoque que temos dá para mais três dias, no mínimo”, garante Clodoaldo do Carmo.

Atendido pela distribuidora FIC, o Auto Posto Santa Helena, na Avenida Miguel Sutil, diz que o estabelecimento está “bem abastecido” e o estoque daria para mais duas semanas. “Ainda não estamos trabalhando com o biodiesel, mas o nosso estoque de diesel é suficiente para os próximos 15 dias”, afirma o frentista José Brás.

O posto Amazônia, no bairro Verdão, recebeu a última remessa de biodiesel no dia 27 de dezembro. “Como o consumo deste produto é pequeno, o abastecimento está garantido por mais 20 dias”, diz José Amaral.

O posto Paradise também tem estoque e está tranqüilo. “Temos produto para mais dez dias”, conta o gerente João Alves, acrescentando ter recebido ontem mais 15 mil litros das distribuidoras Ali e Idaza.

IMPACTO – Com uma frota de 4 mil caminhões e 100 empresas filiadas, e um consumo mensal de 20 milhões de litros de diesel, a Associação dos Transportadores de Carga de Mato Grosso (ATC/MT), não demonstra preocupação com a distribuição do biodiesel no Estado. O que preocupa o setor é o preço do produto que poderá ser reajustado e comprometer ainda mais a planilha de custos dos transportadores. O alerta é do presidente da ATC/MT, Miguel Mendes. Ele revela que o diesel representa de 50% a 60% da planilha, dependendo do trajeto do caminhão. “O custo do biodiesel é mais alto e isso vai ser repassado ao preço das bombas. Mas será um reajuste que não poderemos repassar ao frete”.

Segundo ele, Mato Grosso já tem uma realidade diferente do resto do país, onde o diesel já tem um preço alto. Por isso os transportadores estão temerosos quanto à possibilidade de um novo aumento. “Antes o biodiesel era solução. Hoje, a alta do custo da matéria-prima pode inviabilizá-lo”.

MARCONDES MACIEL
Colaborou Tânia Nara Melo