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Biodiesel

Lavoura de girassol produz óleo para biodiesel: produto 100% beltronense


Jornal de Beltrão - 20 abr 2006 - 15:08 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:22

Em 1994, o engenheiro agrônomo Cacildo José Milke de Francisco Beltrão teve a feliz idéia de criar a primeira lavoura de girassol do Sudoeste do Estado. A idéia surgiu em 94, mas a lavoura ganhou os primeiros pés da planta em 1995, na época da crise do petróleo no país. Depois de anos pesquisando sobre os poderes econômicos e medicinais do girassol, o engenheiro pensou em produzir e, principalmente, testar o Biodiesel (que é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis, que pode ser obtido por diferentes processos).

Segundo Cacildo, como a lavoura foi a pioneira na região, o engenheiro não quis fazer divulgação, mas quando as plantas começaram a florescer não teve jeito, não tinha quem não notasse a lavoura de girassol. "A partir daí pensei em fazer o biocombustível em minha própria casa. Meu interesse maior na lavoura de girassol é com a produção do biodiesel", disse o engenheiro.

Para produzir o óleo bruto e filtrá-lo, o engenheiro teve a ajuda de uma empresa de Maringá que cedeu a máquina que faz todo o processo industrial. "Esta máquina filtra o óleo bruto de girassol, e é a partir deste óleo que se faz o biodiesel", explica Cacildo. Os testes para verificar a qualidade e se realmente o produto é bom para combustíveis começaram a ser feitos há dois meses em uma caminhonete F 1000 do engenheiro.

Por enquanto, como a produção do óleo não comporta tantos litros, a mistura para que o automóvel funcione é de 70% de diesel e 30% de biodiesel (óleo de girassol). "Já rodei 2 mil quilômetros com minha caminhonete movida a biodiesel. Ela tem um desempenho como teria com qualquer outro combustível, eu arriscaria até em dizer que o veículo fica com mais puxada, mais arranque", disse seu Cacildo.

Mais econômico e melhor para o meio ambiente


"Não dá pra afirmar com certeza que hoje o produto é mais barato para o agricultor, mas é óbvio que fica mais econômico e produz menos poluentes para a natureza", disse o engenheiro, que fez questão de colocar a frase na caminhonete: "78% menos poluentes no ar".

Além disso, Neuza Milke, esposa de seu Cacildo, garante que as potencialidades da planta vão bem além do biodiesel. "Girassol é símbolo de vida saudável. Desde que comecei a fazer uso do óleo na comida, melhorei muito minha saúde. É impressionante como as mudanças são vistas de forma rápida no organismo. E a conquista do combustível é uma vitória de meu marido, empreendedor nesta área em Francisco Beltrão", ressalta dona Neuza.

Com 34 mil quilos de girassol colhidos na safra de 2005, o engenheiro deu o pontapé inicial para a produção do óleo combustível. "Estou orgulhoso porque o teste está dando certo, e pode-se dizer que é um produto 100% beltronense, produzido aqui. Mas claro, quando se é pioneiro de alguma coisa sempre existe o receio, a gente nunca sabe se vai dar certo ou não. Mas agora posso divulgar a todos que minha caminhonete e até meu trator de esteira estão andando com biodiesel", disse Cacildo.

O próprio empreendedor garante que antes de começar os testes poucas pessoas tinham conhecimento de que ele faz uso do biodiesel. "A gente contou somente para os amigos mais próximos, mas todos que sabiam mostravam interesse pelo assunto; e como eu sabia que a primeira pergunta que todos fariam era: "isso funciona ou não?", preferi esperar pra poder divulgar um produto que está dando certo e é totalmente produzido em Beltrão", salienta o engenheiro.

Na caminhonete pode se notar a logomarca da GL Retífica de Motores, que é parceira do projeto: "A GL está observando o motor, qualquer problema eles vão me dizer se foi culpa do óleo de girassol ou não. Por enquanto, os 2 mil quilômetros rodados não refletiram defeito algum. Vamos chegar até os 6 mil. Meus 25 hectares de girassol estão rendendo um combustível saudável para o meio ambiente, econômico para a população e rentável para o motor dos veículos".