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Biodiesel

Glencore compra Sperafico


Gazeta Mercantil - 17 jul 2008 - 05:36 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:06

O grupo Suíço Glencore International AG, que atua no ramo agroindustrial e de mineração com um faturamento US$ 142,3 bilhões em 2007 e ativos de US$ 60 bilhões está de volta ao mercado brasileiro para operações em grande escala. O grupo é o novo sócio majoritário da Sperafico Agroindustrial, empresa familiar com 50 anos de existência instalada na região de Toledo, no oeste paranaense, que vinha enfrentando dificuldades de pagamento de fornecedores, devido a elevação nos preços da soja nos últimos meses.

Segundo fontes da empresa em Cascavel, a negociação foi fechada no início de julho e envolveu 45 armazéns de estocagem de grãos, com capacidade estática para 1 milhão de toneladas no total, localizados no Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo e as cinco unidades de esmagamento de soja de Marechal Cândido Rondon, Ponta Porã, Bataguassu, Cuiabá e Orlândia.

O grupo Sperafico faturou R$ 1,2 bilhão em 2007, mas as dificuldades que enfrentava obrigam a um aporte imediato de perto de R$ 100 milhões para pagamento de dívidas e fornecedores. Nos últimos tempos o grupo reduziu seu quadro de 1.600 para 1.100 funcionários em virtude da crise.

Como as duas empresas já possuíam vínculo anterior - a empresa suíça atuava como representante comercial da Sperafico Agroindustrial na Europa, a família Sperafico ainda vai continuar na gestão da empresa auxiliada por um diretor nomeado pela Glencore.

No seu setor industrial, a Sperafico produz lecitina de soja, óleo vegetal bruto, óleo refinado e enlatado, gordura vegetal hidrogenada, farelo a granel e ensacado, rações para animais, sabão em barra e farinha de trigo. Dentro desta linha de industrialização há uma categoria de produtos que é vendida diretamente ao consumidor com a marca "Acácia"- óleo refinado, sabão em barra e a farinha de trigo.

Procurada pela Gazeta Mercantil, a sede da Glencore do Brasil, no Rio de Janeiro, informou que não é política da empresa fazer declarações a imprensa sobre seus negócios no Brasil. Sabe-se, no entanto, que o nome da empresa paranaense com sede na cidade de Toledo deve continuar o mesmo, ao menos por enquanto. Um dos negócios que mais interessam aos suíços no retorno ao Brasil é a produção de biodiesel, como já acontece na Argentina, conforme a fonte.

Não fizeram parte da transação as outras empresas do conglomerado Sperafico, como o Olinda Park Hotel e a Sperafico Alimentos que pertencem ao deputado federal Dilceu Sperafico, bem como a Água mineral Itaipu, frota de transportes e outros setores pertencentes aos outros integrantes da família, Milton, Levino, Itacir e Dilso Sperafico.

A Glencore operou no Brasil até 1997 quando vendeu seus negócios para a norte-americana ADM, mantendo apenas 5 beneficiadoras de arroz no Uruguai e uma sociedade com o grupo argentino Vicentín que envolve, entre outras coisas, a produção de biodiesel.

Ultimamente a Glencore frequentou a mídia brasileira porque se trata do maior acionista individual - possui 35% das ações - da mineradora Xstrata, pretendida pela Vale do Rio Doce, mas cuja negociação não foi em frente.

Quase uma década depois de praticamente encerrar suas atividades no setor do agronegócio do Brasil, a Glencore mostra algum arrependimento. O grupo suíço vem prospectando oportunidades em vários setores agrícolas, especialmente no setor de grãos. Na América Latina, a Glencore mantém unidades no Uruguai e na Argentina.

Norberto Staviski, Gazeta Mercantil