Bertin inaugura na terça usina de biodiesel em Lins
O Bertin, um dos maiores conglomerados empresariais do Brasil, vai inaugurar na terça-feira, dia 21, a usina de biodiesel que implantou em Lins, no noroeste paulista. A unidade, que funciona desde maio, produz o novo combustível a partir de sebo bovino fornecido pelos frigoríficos do Bertin, o maior exportador de carnes do país.
A presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi anunciada pelo prefeito de Lins, Waldemar Sândoli Casadei (PMDB), mas a assessoria de imprensa do Bertin diz que essa informação é, por enquanto, extra-oficial. Porém, a inauguração oficial da usina estava sendo protelada porque o Bertin aguardava confirmação, pelo Palácio do Planalto, do comparecimento de Lula.
A fábrica de biodiesel teve investimento total de R$ 40 milhões, dos quais R$ 14 milhões foram emprestados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), e ocupa área de 30 mil metros quadrados. Sua capacidade é de 110 milhões de litros por ano, o que hoje corresponde a 14% da demanda nacional se materializada a adição de 2% ao óleo diesel. Esse volume de produção requer processamento de 300 toneladas diárias de sebo, até agora usado apenas para sabão.
A unidade do Grupo Bertin é a primeira do país a operar pelo sistema de produção contínua: a matéria-prima entra de um lado e o biodiesel sai do outro. As demais usinas do gênero fazem o combustível pelo sistema denominado “batelada”, ou seja, tanque por tanque.
A planta foi desenvolvida pela Dedini, de Piracicaba. Segundo José Luiz Olivério, vice-presidente dessa indústria de base, a usina também pode produzir biodiesel com oleaginosas (pinhão-manso, soja, algodão, milho, amendoim, gergelim, girassol).
A produção do Bertin atende, por ora, apenas à frota de caminhões, implementos agrícolas e equipamentos do grupo. Posteriormente, o volume excedente será colocado à venda no mercado nacional, conforme indicações feitas pelo governo.
Equipamentos são nacionais
A usina de biodiesel do Grupo Bertin opera com equipamentos fabricados no Brasil. A exceção são alguns instrumentos eletrônicos, produzidos somente no exterior, segundo o diretor industrial César Abreu.
O investimento do Bertin representa um salto para o futuro, porque, a partir de 2008, será obrigatória a adição de 2% de biodiesel ao óleo diesel comercializado no país. O objetivo do governo é aumentar o potencial energético do Brasil por meio de fontes alternativas.
Além de usar sebo bovino como matéria-prima, a unidade montada em Lins pelo Bertin pode fazer biodiesel também com oleaginosas. No país há, o ano todo, abundância desses vegetais, que já possibilitam produção regular de óleo comestível (soja, milho, algodão, amendoim, girassol, gergelim).
O Bertin utiliza tecnologia fornecida pela empresa belga Desmet Ballestra.
Conglomerado soma 30 unidades no país
Holding de capital 100% nacional, o Grupo Bertin, de Lins, onde começou com frigorífico, atua nos setores de agroindústria e infra-estrutura. Além disso, tem um resort (turismo). Em operação há 30 anos, é proprietário de 30 unidades produtivas, distribuídas por vários estados, que geram 30 mil empregos diretos. Suas atividades estão voltadas ao mercado interno e a mais de 80 países nos cinco continentes.