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Biodiesel

Adesão cautelosa de produtores cearenses


Diário do Nordeste - 19 jul 2007 - 05:59 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:23
Quixadá. O cultivo de oleaginosas destinadas à produção de biocombustíveis no País sofre resistência na macrorregião Centro do Ceará. Essa realidade é vista no campo. Dos 150 mil hectares de plantio necessários ao processamento de 50 mil litros anuais do combustível vegetal na usina da Petrobras, que em meados de 2008 deverá passar a funcionar em Quixadá, no Sertão Central, até agora o principal insumo bioenergético passou a ser semeado em menos de 1% das áreas dos municípios da região.

Dos 3.579 km² de extensão territorial de Quixeramobim, considerado o maior potencial produtivo regional, apenas cerca de 100 hectares receberam plantios, de mamona. A estimativa apontada pelo líder sindical dos pequenos produtores locais, Evandro Quirino, demonstra que ainda são inexpressivos diante da demanda necessária ao suporte primário. Ele justifica que dos 3,5 mil sindicalizados os poucos que optaram em arriscar na “experiência bioenergética” reclamam que estão sendo prejudicados. O Estado havia prometido incentivo de R$ 150,00 por cada hectare plantado, mas o dinheiro ainda não apareceu.

O coordenador regional da Ematerce, agrônomo Araújo Martins, garantiu que o amparo econômico anunciado pelo secretário Estadual de Desenvolvimento Agrário, Camilo Santana, no lançamento do programa estadual de apoio ao Biodiesel, no início do ano, neste município, já está disponível. Apenas a tramitação legal separa o dividendo prometido do agricultor. Ele reconhece que a produção atual é tímida. O inverno também não ajudou. Mas é só uma questão de tempo para que o processo produtivo se consolide. “Estamos trabalhando”, justificou.

Dezenas de técnicos se esforçam, dão assistência técnica e realizam seminários no campo para centenas de pequenos produtores. Levam conhecimentos do programa nacional do biodiesel. Estão no mesmo caminho, mas seguem em sentidos opostos, avaliam os representantes ruralistas. Até que se encontrem ainda serão necessários muitos passos. Os principais são: certeza de compra dos grãos, preços atraentes na comercialização e consórcio de culturas habituais.

Segundo o agricultor familiar, Antônio Soares Pontes, “incentivaram-me a plantar gergelim. Disseram que a compra estaria garantida. Plantei, colhi e agora a história é outra. Notícias ruins se espalham depressa. Por isso muitos receiam em aderir a essa novidade”.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Quixadá, Eronilton Buriti, avalia que dificilmente os mais de sete mil associados se rendam ao cultivo de pinhão manso, uma cultura experimental que está sendo desenvolvida no município.

Estudos

Apesar da resistência, a Secretaria Municipal de Agricultura persiste nos estudos da planta que a partir de sua semente produz óleo semelhante ao extraído do petróleo. O secretário Ereni de Lima afirma que ainda é cedo para descartar o pinhão manso como opção bioenergética. Ele ressalta que nas atividades no campo sua equipe já conquistou consideráveis avanços. “O girassol já demonstra boa adaptação em algumas áreas da nossa região. Ao mesmo tempo a apicultura se fortalece com a essa alternativa que estamos criando”.

Plantio de mamona é realizado em 270 ha

Limoeiro do Norte. Toneladas de mamona podem ser colhidas ainda neste ano pelos produtores da agricultura familiar, em cerca de 270 hectares espalhados desde a Chapada do Apodi a comunidades mais longínquas como Canto Grande e Bixopá, neste município. O plantio já faz parte do programa da Petrobras de incentivo à produção de Biodiesel.

Cerca de 150 produtores rurais receberam, no início deste ano, quatro mil quilos de sementes de mamona por meio da Ematerce, que estão sendo plantados em 270 hectares – a projeção inicial era de 500 hectares, mas o veranico do mês de março prejudicou completamente a produção de 230 ha. Dentro do programa, cada produtor possui até três hectares e recebe o incentivo de R$ 150,00 por hectare.

No agropólo da Chapada do Apodi, 52 famílias fazem parte do projeto por meio de uma associação de produtores de mamona. Conforme Nilton Aécio, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente de Limoeiro do Norte, a política de incentivo ao biocombustível por parte da Petrobras em parceria com os governos Estadual e Municipal “pode ser a nossa redenção aqui, pois vai melhorar muito a renda de cada família produtora”, disse ele.

Quixeré e Tabuleiro do Norte, também no Vale, não contemplados pelo zoneamento feito pelo governo federal para participar do programa, reivindicam a atenção para com o agricultor familiar local. O produtor rural Francisco Pires, de Quixeré, está parado porque não tem condições para produzir nada em seu 1,8 hectares, mas tem vontade de participar da produção de mamona.