PUBLICIDADE
CREMER2025_novo CREMER2025_novo
Negócio

Veja os produtos fora do tarifaço de Trump e os que seguem no alvo


O Globo - 31 jul 2025 - 11:27

Nesta quarta-feira (30), o presidente americano, Donald Trump, assinou a ordem executiva que impõe uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros. Em comunicado, a Casa Branca destacou que o Brasil vem adotando políticas, práticas e ações que ameaçam a segurança, a política externa e a economia americana. A decisão veio antes do prazo final, que era até esta sexta-feira (1º).

Em 9 de julho, o presidente americano comunicou o Brasil de que adotaria a nova alíquota, criticando o julgamento do ex-presidente, Jair Messias Bolsonaro (PL), no Superior Tribunal Federal (STF) por golpe de estado e a decisão da instituição quanto à maior responsabilização das redes sociais americanas sobre conteúdos postados. Além disso, justificou a decisão afirmando que a relação comercial entre os países é deficitária para os EUA — algo que não é verdadeiro.

Após a divulgação da ordem executiva, a Casa Branca também detalhou que diversos itens serão poupados do tarifaço, algo que foi bem recebido pelo governo brasileiro e por agentes de mercado, já que muitos desses produtos são as principais exportações do Brasil para o país da América da Norte, com exceção da carne e do café. Abaixo você confere as mais relevantes das 694 exceções:
• Produtos agrícolas e minerais;
• Carvão e combustíveis sólidos;
• Resíduos e derivados do petróleo;
• Combustíveis;
• Lubrificantes;
• Aviões e suas peças;
• Veículos de passeio e seus componentes mecânicos;
• Fertilizantes;
• Ferro gusa;
• Metais preciosos;
• Produtos de energia.

Segundo a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham), a lista possui um valor total de US$ 18,4 bilhões (R$ 102,49 bilhões), com base em dados oficiais da United States International Trade Commission (USITC) de 2024. O número equivale a 43,4% das exportações brasileiras que vão aos Estados Unidos (US$ 42,3 bilhões ou R$ 235,61 bilhões). Além disso, de acordo com o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), só no primeiro semestre deste ano as exportações de petróleo brasileiro neste ano somaram US$ 2,37 bilhões (R$ 13,20 bilhões).

O que isso quer dizer?

Na avaliação do professor e economista da Faculdade Getulio Vargas (FGV), Robson Gonçalves, essas exclusões são “o famoso recuo de Trump”. “Muitas empresas americanas, seriam prejudicadas pela tarifa de 50% de maneira indiscriminada”, explica. A notícia trouxe alívio ao mercado no Brasil. “Essa lista reduziu parcialmente as preocupações do mercado quanto ao impacto total da medida sobre as exportações brasileiras”, afirma Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.

A lista é positiva para diversas empresas brasileiras, como a fabricante de aeronaves Embraer. Em análise, o UBS destacou isso, mas ressaltou que ela ainda enfrenta a taxa de 10% — que já estava em vigor desde meados de abril. Para Gonçalves, pesa de forma favorável o fato da Embraer produzir itens de difícil substituição e que são negociados a longo prazo.

“Muitos contratos certamente estão no pipeline da empresa para serem assinados e reverter isso provocaria prejuízos tanto para a própria Embraer quanto para as empresas americanas clientes dela”, aponta o economista.

O suco de laranja também é importante fazer parte desta relação, já que o mercado americano é o segundo maior comprador da bebida produzida no Brasil. “O suco de laranja realmente está nos hábitos dos americanos de uma maneira bastante disseminada, desde o café da manhã até o fast food”, destaca Gonçalves.

Independentemente das especificidades, o fato de alguns produtos ganharem isenção da taxa de 50% é avaliado de forma positiva. “Isso sinaliza que é possível sentar e negociar com os americanos”, avalia o professor da FGV.

No entanto, a situação ainda deve afetar diversos setores, tanto do Brasil quanto dos Estados Unidos. “As tarifas vão travar os fornecedores que ficam em território nacional, como o setor de proteína animal”, aponta Gonçalves.