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Negócio

Russos e sauditas vão manter cortes na oferta de petróleo até 2024


Valor Econômico - 06 nov 2023 - 09:17

A Arábia Saudita e a Rússia reafirmaram ontem que vão manter as restrições à oferta de petróleo de mais de 1 milhão de barris por dia até o fim do ano, mesmo com a turbulência no Médio Oriente agitando os mercados globais.

Em comunicados separados, os líderes de fato da Opep+ – Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados – disseram que manterão os cortes voluntários na produção com objetivo de trazer equilíbrio ao mercado. O governo saudita reduziu a produção de petróleo em 1 milhão de barris por dia, enquanto a Rússia cortou suas exportações em 300 mil barris/dia, para além dos cortes anteriores feitos com outros países da Opep+.

O corte voluntário “vem reforçar as medidas tomadas pelos países da Opep+ com o objetivo de apoiar a estabilidade e o equilíbrio dos mercados petrolíferos”, disse o vice-primeiro-ministro da Rússia, Alexander Novak, em comunicado que veio em linha com uma nota do governo saudita.

O risco da guerra Israel-Hamas evoluir para uma conflagração regional mais ampla, envolvendo o Irã, um grande produtor de petróleo, segue no radar dos traders desse mercado. Na sexta-feira, os futuros do petróleo Brent - referência internacional - fecharam abaixo de US$ 85 por barril em Londres.

Um conflito mais amplo poderá levar sauditas e russos a reverem os seus cortes planejados, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE). Mas por hora a Opep+ parece decidida a manter o abastecimento apertado, sem folga.

Os sauditas podem precisar de preços do petróleo em torno de US$ 100 o barril, segundo a Bloomberg Economics, para financiar projetos dispendiosos, como a cidade futurista conhecida como Neom, e a compra de jogadores de futebol e de golfe de alto nível para franquias desportivas nacionais. Já o presidente russo, Vladimir Putin, precisa da receita com as vendas de petróleo e gás para financiar a sua guerra contra a Ucrânia.

A Arábia Saudita pode manter os cortes na oferta devido aos sinais de fraqueza do mercado. Os lucros da produção de combustíveis estão caindo e os elevados custos de frete tornam mais difícil o transporte de petróleo entre diferentes regiões. As fortes quedas de estoque amplamente esperadas pelo setor ainda não se materializaram, observou o Goldman Sachs. Segundo a consultoria Eurasia Group, as condições do mercado continuam a enfraquecer. A AIE vê um excesso de oferta no início do próximo ano, como resultado de uma forte desaceleração no crescimento da demanda global.