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Negócio

Recuo no preço do petróleo eleva pressão sobre Prates para fazer reajuste nos combustíveis


Valor Econômico - 06 dez 2023 - 08:55

Há um ambiente criado para possível redução nos preços dos combustíveis da Petrobras, e o mercado já dá como certo que a questão deve avançar com o retorno ao Brasil do presidente da estatal, Jean Paul Prates, especialmente por causa da diferença entre os preços internacionais e locais. Hoje, os combustíveis da Petrobras estão mais caros em relação à paridade de importação (PPI). Com o recuo do petróleo nos últimos dias, a diferença entre o que é cobrado pela companhia em relação ao PPI tem aumentado, o que abre terreno para reduções.

Ontem (5), o Brent fechou em queda de 1,06%, aos US$ 77,20. No acumulado de dezembro, o recuo é de 6,80%, enquanto no mês passado a commodity caiu 5,24%.

Prates disse ao Valor que a empresa vai manter os preços dos combustíveis ao menos até ele retornar da COP28, em Dubai. Segundo a empresa, a expectativa é de que o executivo volte ao Brasil sexta-feira. “Uma coisa é certa, eu não gostaria de fazer nada agora durante a COP28. Talvez, semana que vem, a gente faça a nossa reunião sobre preços [ajustes].”

Prates sinalizou, na ocasião, haver maior possibilidade de reajuste na gasolina do que no diesel. Uma fonte disse ao Valor que existem conversas entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Prates sobre possível queda após a volta do executivo ao país. A condição era que não houvesse mudança relevante na cotação internacional do petróleo.

Segundo essa fonte, haveria espaço para recuo no diesel entre R$ 0,45 e R$ 0,50 por litro; e na gasolina, entre R$ 0,15 a R$ 0,18 por litro. Esse movimento se dá dentro de ambiente em que, na visão de gestoras e investidores ouvidos, Prates sofre maior desgaste pela diferença de posição frente a outros nomes do governo. Em reunião com membros do governo no fim de novembro, segundo o jornal “O Globo”, os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Casa Civil, Rui Costa, defenderam redução mais imediata nos preços, enquanto Prates entendia ser preciso segurar os valores para compensar perdas passadas.

O Itaú BBA calcula que o diesel da Petrobras está R$ 0,57 por litro acima do PPI, enquanto a gasolina está R$ 0,11 mais cara. A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) estima que o preço do diesel da estatal esteja, em média, R$ 0,23 por litro acima do PPI, e a gasolina, R$ 0,04.

Para a StoneX, os preços da gasolina praticados pela Petrobras estão em média R$ 0,15 por litro acima dos preços de paridade de importação. Já o diesel está R$ 0,66 por litro mais caro que o importado. Esse cenário, em que a estatal pratica preços acima da média de importação, vem sendo notado em novembro.

Segundo a Ativa Investimentos, o diesel da Petrobras está R$ 0,37 mais caro que o preço de importação, e a gasolina, R$ 0,02. Analista da corretora, Ilan Arbetman reforça ser difícil saber como a Petrobras calcula os preços de seus produtos, desde quando a estatal passou a aplicar a nova estratégia comercial, em maio. “Pelos nossos cálculos, existe espaço para corte, especialmente de diesel.” Para o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a gasolina da Petrobras está R$ 0,12 acima da referência internacional, enquanto o diesel, R$ 0,20.

A última vez que a Petrobras reajustou os preços nas refinarias foi em 21 de outubro, quando elevou em 6,58% o diesel e reduziu em 4,1% a gasolina A. Naquele mês, a cotação média do Brent foi US$ 87,33.

Kariny Leal e Adriana Mattos – Valor Econômico