Pressão de Trump sobre a Venezuela impulsiona petróleo; futuros dos EUA sobem
Os futuros das ações dos EUA operam em alta nesta quarta-feira (17) apesar dos dados de emprego de novembro (o Payroll) não indicarem claramente novos cortes de juros pelo Federal Reserve. O petróleo avançou após o presidente Donald Trump ter imposto um bloqueio sobre navios-tanque que entram e saem da Venezuela.
A moeda americana se valorizou frente a todas as suas pares do Grupo dos Dez (G10), com o maior ganho em relação ao iene.
O rendimento dos Treasuries de dez anos ficou estável em 4,15%.
O principal índice acionário da Europa subiu 0,3%, liderado por empresas de energia, depois que o bloqueio imposto por Trump a navios-tanque que entram e saem da Venezuela elevou os preços do petróleo bruto.
No Reino Unido, o dado de inflação mais fraco em oito meses derrubou a libra em 0,7% e impulsionou o FTSE 100 em quase 1%.
Os dados mais recentes do mercado de trabalho dos EUA sinalizaram um arrefecimento — mas não um enfraquecimento acelerado —, levando os traders a adiar o aumento das apostas em cortes de juros no curto prazo.
A atenção agora se volta para os números de inflação que serão divulgados na quinta-feira, em busca de pistas sobre uma possível mudança de narrativa na última semana cheia de negociações do ano.
“Os dados de emprego de novembro divulgados ontem nos EUA servem mais como uma confirmação do caminho de juros já esperado do que como um novo catalisador”, disse Andrea Gabellone, chefe de ações globais da KBC Global Services.
“Os dados ainda são voláteis, mas, no geral, não vejo o Fed com pressa para cortar juros mais cedo ou de forma mais agressiva.”
Enquanto isso, o governo Trump ameaçou retaliar a União Europeia em resposta a iniciativas para taxar empresas americanas de tecnologia, citando companhias de destaque — como Accenture, Siemens e Spotify Technology — como possíveis alvos de novas restrições ou tarifas.
Escalada do petróleo
O bloqueio do petróleo venezuelano por Trump representa uma escalada e ocorre após a apreensão de um navio-tanque de petróleo na semana passada por forças dos EUA.
Além de impulsionar os preços do petróleo, as tensões ajudaram a levar o ouro acima de US$ 4.330 a onça, aproximando-o do recorde de US$ 4.381 estabelecido em outubro.
O metal acumula alta de cerca de dois terços no ano e caminha para seu melhor desempenho anual desde 1979.
Outros metais preciosos também avançaram: a prata subiu para um recorde acima de US$ 66 a onça, enquanto a platina atingiu o maior nível desde 2008.
O contraste entre o desempenho das ações americanas e das commodities em dezembro está aumentando o apelo dessa classe de ativos, disse Ahmad Assiri, estrategista da Pepperstone, em e-mail.
“Essa divergência está influenciando cada vez mais o planejamento e as decisões de alocação entre diferentes classes de ativos, com os metais preciosos surgindo como um destino alternativo cada vez mais crível para o capital e reforçando o que já é uma operação de momentum bem estabelecida”, afirmou.
Em outros mercados, a rupia indiana saltou 1% após o banco central intervir para apoiar a moeda. O bitcoin recuou mais de 1%, sendo negociado em torno de US$ 86.700, enquanto o ativo caminha para a quarta queda anual de sua história.