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Negócio

Petróleo supera US$ 90, na maior cotação em 7 anos, pressionando combustíveis


O Globo - 04 fev 2022 - 10:21

Os preços do petróleo não param de subir. Estão em disparada, de novo, assombrando as economias e alimentando a inflação com a pressão que a cotação internacional da commodity exerce sobre o preço dos combustíveis, como gasolina, diesel e gás de cozinha.

Em 2021, o petróleo subiu mais de 60%. Só em janeiro deste ano, o barril de óleo cru subiu mais de 15%, com o preço superando US$ 90 pela primeira vez em mais de sete anos.

Nesta semana, a matéria-prima completa a sétima em alta em meio a tensões geopolíticas e a maior demanda no Hemisfério Norte por causa do inverno.

Os temores de uma invasão da Ucrânia pela Rússia cresceram e estão entre os motivos da alta do petróleo, mas há outras razões.

Nesta semana, a matéria-prima completa a sétima em alta em meio a tensões geopolíticas e a maior demanda no Hemisfério Norte por causa do inverno.

Os temores de uma invasão da Ucrânia pela Rússia cresceram e estão entre os motivos da alta do petróleo, mas há outras razões.

Entenda a seguir o que está impulsionando a cotação internacional dessa matéria-prima que ainda mexe tanto com as economias.

Por que os preços do petróleo estão tão altos?

A pandemia depreciou os preços da energia em geral em 2020, com a cotação do petróleo nos EUA tendo chegado a um valor negativo pela primeira vez por causa da demanda reprimida pelo lockdown imposto pela contenção da pandemia em vários países.

No entanto, os preços da matéria-prima dos combustíveis se recuperaram rapidamente e dispararam com a retomada das atividades econômicas e a maior demanda energética sem estoques suficientes.

Companhias de petróleo do Ocidente, em boa parte sob pressão de investidores e ativistas ambientais, estão produzindo menos do que antes da pandemia.

Executivos do setor dizem que estão tentando não cometer o mesmo erro que fizeram no passado quando produziram demais quando o preço do barril estava alto e os estoques acabaram derrubando a cotação.

Além disso, a produção foi limitada nos últimos meses em países como Equador, Cazaquistão e Líbia devido a desastres naturais e turbulências políticas.

Enquanto a oferta é limitada, no lado da demanda grande parte do mundo está aprendendo a lidar com o coronavírus. Com o avanço da vacinação, as pessoas estão ansiosas para fazer compras e viajar. E as preocupações sanitárias tornaram o carro mais atraente que o transporte público.

Mas o fator mais crítico para a alta do petróleo é geopolítico. Uma potencial invasão da Ucrânia pela Rússia, uma das maiores produtoras de petróleo e gás do mundo, tem mantido esse mercado “no limite”, segundo Ben Cahill, membro sênior do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais em Washington.

“Qualquer perturbação significativa pode levar os preços bem acima de US$ 100 por barril”, escreveu em um relatório recente.

A Rússia produz 10 milhões de barris por dia, um em cada dez consumidos diariamente no mundo. Uma interrupção de suas exportações para a Europa, sobretudo as de gás, pode gerar uma crise na economia do continente e desencadear uma alta do barril, já que não há capacidade de produção suficiente em outros países para substituir o petróleo russo no mercado.

O que os EUA e seus aliados poderiam fazer em caso de problemas na Rússia?

EUA, Japão, União Europeia e até mesmo a China poderiam liberar mais petróleo bruto de suas reservas estratégicas.

Esse movimento poderia ajudar a conter os preços, particularmente se for uma crise curta. Mas as reservas não seriam suficientes para amenizar a situação se a exportação russa ficar suspensa por meses ou anos no caso de um conflito.

Petroleiras internacionais que haviam se comprometido em não produzir muto petróleo poderiam mudar essa postura se a Rússia ficar impedida de exportar tanto óleo e gás como atualmente. As empresas teriam grandes incentivos financeiros, com a alta do petróleo, para produzir mais. Mesmo assim, levariam meses para aumentar a produção.

O que a Opep está fazendo?

O presidente dos EUA, Joe Biden, tem pedido à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) para aumentar a produção de petróleo, mas vários membros têm falhado em manter sua cota de produção mensal. E outros não têm capacidade de aumentar a produção.

Os membros da Opep e seus aliados, a Rússia entre eles, concordaram recentemente em traçar um plano de aumento da produção nas próximas semana, mas com uma meta relativamente modesta de mais 400 mil barris diários.

Os EUA também devem pressionar a Arábia Saudita a aumentar a produção, independentemente das decisões do cartel, caso a crise ucraniana afete a produção russa. Analistas acreditam que o reino aliado dos EUA tem capacidade ociosa de produção de muitos milhares de barris.

O que poderia reduzir os preços do petróleo?

Os preços do petróleo sobem e descem em ciclos. Há vários fatores que poderiam provocar uma queda no preço nos próximos meses.

A pandemia está ainda distante de terminar, e a China colocou várias cidades em lockdown, freando a economia e, consequentemente o consumo de energia.

A Rússia e o Ocidente podem chegar a um acordo – formal ou tácito – que reduza a chance de uma invasão da Ucrânia, reduzindo os riscos que pressionam o mercado de petróleo.

E os Estados Unidos e seus aliados podem restaurar um acordo nuclear de 2015 com o Irã – abandonado pelo ex-presidente Donald Trump. Se isso acontecer, o Irã poderia voltar a vender petróleo de forma mais fácil que agora, aumentando a oferta global.

Analistas acreditam que o Irã poderia exportar 1 milhão ou mais de barris por dia se o acordo nuclear for retomado.

Em último caso, a escalada do petróleo poderia chegar a preços tão altos que poderiam deprimir a demanda por combustíveis. Aumentam, por exemplo, os incentivos para trocar carros com motor a combustão por elétricos.

Tags: Petróleo