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Negócio

Petróleo sobe mais de 2% com otimismo sobre demanda e dólar desvalorizado no exterior


Valor Econômico - 27 out 2022 - 08:42

Os contratos futuros do petróleo fecharam em alta significativa na sessão desta quarta-feira, recebendo suporte da desvalorização do dólar e de uma queda nos estoques americanos de gasolina, que pode indicar que a queda da demanda no país pode não ser tão acentuada quanto se temia.

O contrato do petróleo Brent para dezembro - a referência global da commodity - fechou em alta de 2,32%, a US$ 95,69 por barril, e o do petróleo WTI norte-americano para o mesmo mês subiu 3,03%, a US$ 87,91 por barril. O índice DXY, que mede a força do dólar ante uma cesta de seis divisas principais, e normalmente tem correlação negativa com a commodity, operava em queda de 1,08%, a 109,753 pontos, por volta do fechamento do petróleo.

De acordo com dados divulgados mais cedo pelo Departamento de Energia dos EUA (DoE), os estoques de gasolina do país caíram 1,47 milhão de barris, com a queda superando bastante a expectativa, que era de recuo de 900 mil unidades. Também de acordo com o relatório do DoE, a demanda por gasolina subiu 252 mil barris diários, para 8,93 milhões.

"Os estoques mais baixos de gasolina sugerem que talvez a economia, e o uso de gasolina em transporte pessoal, especialmente, não estão tão fracos quanto se esperava", disse Michael Lynch, presidente da Strategic Energy & Economic Research, à Dow Jones Newswires. O otimismo com a demanda por gasolina compensou uma queda inesperada de 2,58 milhões de barris nos estoques de petróleo bruto dos EUA, contrariando a expectativa, que era de alta de 600 mil barris no período.

Os investidores seguem avaliando também o impacto dos embargos ao petróleo russo sobre os fundamentos do mercado de energia. Por um lado, há a expectativa de que as negociações continuem da mesma forma, uma vez que os barris não vendidos para os europeus seriam destinados a outros mercados. Por outro, há a leitura de que esse reajuste não é simples, podendo apertar ainda mais a oferta do mercado. Esta última análise foi feita pelo JPMorgan, em nota, nesta quarta.

“Se a China e a Índia não usarem suas próprias frotas [para transportar petróleo russo], até 5 de dezembro a Rússia precisará não apenas encontrar mercados alternativos para os 4,1 milhões de barris diários de petróleo bruto e produtos vendidos a países que já impuseram embargos às importações de petróleo russo, mas também precisará de seguros e navios-tanque para enviar os outros 2,9 milhões de barris para aqueles que atualmente estão comprando petróleo russo usando navios-tanque e serviços ocidentais.”

Segundo apontou o banco, a disponibilidade da frota de navios-tanque sugere que hoje a Rússia está pelo menos 1 milhão de barris diários abaixo da capacidade de navios-tanque, necessitando de cortes de produção de magnitude semelhante neste ano e no próximo. “Até 2024, acreditamos que o preço do petróleo será fortemente influenciado pela disponibilidade de navios-tanque dispostos a transportar petróleo russo em vez dos fundamentos globais de oferta e demanda, mantendo o preço do petróleo elevado. Mantemos nossa visão de preço de US$ 100 o barril no quatro trimestre de 2022 e US$ 98 o barril em 2023.”

André Mizutani e Arthur Cagliari – Valor Econômico