Petróleo ronda a estabilidade em meio à escalada do conflito no Mar Vermelho

Os contratos futuros de petróleo encerraram a sessão desta terça-feira com movimentos modestos e sem direção única, de olho na escalada do conflito entre os rebeldes Houthi e forças americanas e britânicas no Mar Vermelho, que pode afetar o fornecimento global da commodity.

A disparada do dólar, que se intensificou durante a tarde após declarações de Christopher Waller, diretor do Federal Reserve (Fed), fez com que o petróleo passasse a operar em território negativo. A commodity, contudo, se recuperou parcialmente antes do fim da sessão.

O barril do petróleo WTI — referência americana — com entrega prevista para fevereiro fechou em leve queda de 0,07%, a US$ 72,40. Já o barril do Brent — referência global — subiu 0,18%, a US$ 78,29.

A gigante britânica do setor petroleiro Shell anunciou hoje a suspensão do tráfego do petróleo produzido pela companhia no Mar Vermelho em meio às preocupações de que a contraofensiva da aliança entre Estados Unidos e Reino Unido aos ataques dos rebeldes Houthi levem a um agravamento do conflito, com a possível entrada de novos atores do Oriente Médio.

“Os confrontos no Mar Vermelho aumentam a situação de tensão no Oriente Médio. No entanto, quando foi preciso pressionar, os hegemônicos da região agiram com surpreendente racionalidade no passado. Uma escalada que interrompa significativamente os fluxos de energia continua sendo um risco de cauda de baixa probabilidade”, pondera Norbert Rucker, economista do Julius Baer.

Para ele, as ameaças ao petróleo são mais palpáveis em outros fronts, como o fato de que os cortes de produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) estão se mostrando ineficientes, o que pode fazer com que o cartel faça novas intervenções para apoiar os preços da commodity. “Esse ajuste de política poderia abalar os preços do petróleo ainda este ano”, conclui Rucker.

Gabriel Caldeira – Valor Econômico