Petróleo recua 6% depois de ataque de Israel ao Irã
Ainda que o ataque de Israel ao Irã, na madrugada de sábado (26), tenha gerado preocupação sobre a possibilidade de um conflito ampliado, os preços do petróleo mostraram que o risco é limitado por ora. O Brent fechou a sessão de segunda-feira (28) em queda de 6,09%, a US$ 71,42 por barril. Analistas ouvidos pelo Valor afirmam que a queda se explica
“O balanço entre oferta e demanda é o mais importante para os preços do petróleo”, diz Felipe Perez, chefe da S&P na área de estratégia de combustíveis e refino para América Latina. “O prêmio de risco sobre questões geopolíticas sempre existiu, mas existe uma elasticidade. Como o ataque não afetou a oferta de petróleo do Irã, os preços recuaram.”
Para Perez, o agravamento do conflito a ponto de puxar para cima os preços do petróleo poderia ter impacto nas eleições dos Estados Unidos, marcadas para 5 de novembro. Segundo o analista, só será possível ter um panorama concreto sobre o futuro dos preços depois que houver uma conclusão das eleições americanas.
O Brent tocou a cotação máxima no ano aos US$ 91,17 em 5 de abril. Em 2024, a commodity acumula queda de 7,29%.
Thiago Vetter, analista da StoneX, diz que uma resposta de Israel era esperada desde o início de outubro: “O ataque de Israel era amplamente esperado desde o início do mês, quando o Irã realizou ataques de cerca de 180 mísseis. Considerando que Israel, no ataque realizado no sábado, optou por realizar ataques às estruturas militares iranianas, e não atingir a produção ou escoamento de petróleo, e nem mesmo as instalações de enriquecimento de Urânio do Irã, o mercado fez uma leitura de uma diminuição do risco de escalada do conflito.”
Para Vetter, as perspectivas de avanços em negociações de um cessar-fogo em Gaza, entre Israel e o Hamas, também contribuíram para a queda da cotação.
No Brasil, os dias de movimentos acentuados do petróleo costumam direcionar as atenções aos preços dos combustíveis da Petrobras. Na visão do analista da StoneX, a companhia não deve mudar preços a curto prazo: “Considerando a alta volatilidade do mercado e a incerteza dos desenvolvimentos do conflito no Oriente Médio, acredito que seja improvável que a empresa tome uma decisão de mudança de preços no curto prazo.”
Nos cálculos da StoneX, o preço do diesel da estatal fechou a segunda-feira (28) acima da paridade de importação em 7,4%, ou R$ 0,26. O preço da gasolina ficou 3,9% acima da paridade, ou R$ 0,12 mais caro.
A última vez que a Petrobras mudou o preço da gasolina foi em 9 de julho, quando aumentou em 7,04%. No diesel, a última mudança foi em 27 de dezembro de 2023, quando reduziu em 7,85%.
Segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o preço do diesel da Petrobras fechou ontem (28) 1% acima da paridade de importação, ou R$ 0,03. Enquanto a gasolina ainda ficou abaixo da comparação internacional em 3%, ou - 0,08%.
Conforme os cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a gasolina da Petrobras está R$ 0,016 abaixo da paridade internacional, ou 0,52%. Enquanto o diesel está R$ 0,067 acima da paridade, ou 1,93%.
Kariny Leal – Valor Econômico