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Negócio

Petróleo mais barato não afeta planos de expansão da Petrobras


Valor Econômico - 29 out 2025 - 09:25

“Com petróleo mais baixo, temos que ter mais austeridade, mas mantendo exploração e mantendo produção”, disse França a jornalistas, depois de participar de evento em Salvador. “Ainda não fechamos o plano, mas não deve variar muito [em relação ao atual]. Não vamos deixar de fazer investimentos.”

No plano estratégico atual, de 2025 a 2029, a Petrobras prevê investir US$ 111 bilhões. Segundo o diretor, a cotação de petróleo mais baixa aumenta a margem do refino e pode levar a companhia a adiar algumas paradas de manutenção de refinarias para otimizar a gestão. “Na área de refino, transporte, comercialização, petroquímica e fertilizantes (RTC), os investimentos estão mantidos, seja em ampliação de refinaria ou em transição energética. Complexo Boaventura, também. Na Rnest [Refinaria Abreu e Lima], também.”

O diretor disse ainda que a estatal está próxima de conseguir um acordo com a Novonor e bancos credores para reestruturação da Braskem e novo acordo de acionistas. “A Petrobras pode ter participação mais forte.”

A Petrobras informou ainda que o navio-plataforma (FPSO, na sigla em inglês) Almirante Tamandaré, atingiu produção média de 270 mil barris por dia de petróleo, valor considerado recorde pela estatal. O montante é 20% superior à capacidade declarada pela empresa, de 225 mil barris por dia. Almirante Tamandaré está localizada no Campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos, e é a maior plataforma em capacidade de processamento de petróleo em operação no país.

A unidade, que entrou em operação em fevereiro, recebeu aprimoramentos que viabilizaram o maior processamento de petróleo, sem a necessidade de investimentos adicionais, afirmou a presidente da Petrobras, Magda Chambriard. Em participação da OTC Brasil, evento da cadeia de óleo e gás voltado para atividades marinhas (offshore), no Rio, Chambriard contou que recebeu ontem informação do gerente-executivo de programas estratégicos da Petrobras, Wagner Victer, segundo a qual a FPSO “beliscou” uma produção de 282 mil barris por dia.

A executiva disse que o Campo de Búzios está próximo de processar 1 milhão de barris por dia. Afirmou também que embora não prometa chegar a 2 milhões de barris diários produzidos, Búzios deve se aproximar dessa marca. Para isso, porém, será necessário esperar pela chegada de novas plataformas para o campo, já contratadas. As projeções da empresa são de que o campo de Búzios deve superar, até 2030, o marco de 1,5 milhão de barris por dia.

A presidente da Petrobras disse também que a estatal ainda não está discutindo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) sobre uma eventual perfuração de três poços contingentes no bloco FZA-M-59, na Margem Equatorial. A empresa recebeu a licença para perfurar o poço do Ibama na semana passada e iniciou as atividades de perfuração logo após o aval do órgão ambiental.

Segundo ela, a empresa projeta um período de cinco meses para a perfuração do poço “pioneiro”. Quando o processo de licenciamento foi solicitado, ressaltou, o pedido envolveu o poço exploratório, autorizado pelo Ibama, e três contingentes, cuja perfuração depende do sucesso do poço atual.

A exploração na Bacia da Foz do Amazonas está sendo realizada “com grande apoio da comunidade do Amapá e seguimos confiantes na superação desse desafio” segundo a presidente da Petrobras. “Vamos ser líderes na transição energética e entregar tudo conforme nosso compromisso com Acordo de Paris”, afirmou a executiva.

Presente ao evento, o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Artur Watt, disse esperar que, ainda em seu mandato, possa anunciar descobertas no Amapá, Estado no qual a Petrobras realiza perfuração de um poço exploratório de petróleo.

O governador do Amapá (AP), Clécio Luís, disse que o Estado não abre mão dos recursos que virão da exploração do petróleo, na Bacia da Foz do Amazonas, para elevar indicadores econômicos e sociais. O presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Roberto Ardenghy, salientou a importância de se prosseguir com a atividade de exploração de petróleo, diante do fato de que as bacias de Campos e Santos caminham rumo ao declínio da produção.

Kariny Leal, Fábio Couto e Jessica Alexandra – Valor Econômico