Petrobras retoma processo de venda de refinarias
A Petrobras reiniciou o processo de venda de três refinarias que anteriormente não atraíram ofertas satisfatórias, em meio à crise da alta dos combustíveis que ameaça a política de preços da estatal.
Horas após a aprovação de Caio Mário Paes de Andrade pelo conselho ao cargo de presidente da empresa, a Petrobras informou que retomou o processo de desinvestimentos da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul, da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, ambas com capacidade de 208.000 b/d, e da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, com capacidade de 203.000 b/d, além dos ativos logísticos associados.
A Petrobras arquivou o processo de venda dessas unidades em 2021, depois de ter recebido ofertas inferiores aos valores estabelecidos pela companhia. No caso da Rnest, não houve oferta de compra e a empresa atribui o entrave ao trem de refino não finalizado, que faz parte do plano de investimento de $68 bilhões entre 2022-26.
O aquecimento do mercado de combustíveis no mundo é visto como uma das motivações para o relançamento das vendas de refinarias. Antes, executivos da empresa diziam que essa retomada só aconteceria depois das eleições em outubro.
Por enquanto, a Petrobras vendeu uma refinaria, a Mataripe, com capacidade de processamento de 333.000 b/d, para o Mubadala, fundo de investimento de Abu Dhabi, por $1,8 bilhão. Outros três acordos de venda foram assinados: o de $33 milhões com o banco canadense Forbes pela refinaria SIX, com capacidade de 6.000 b/d; o de $189,5 milhões junto à Atem pela Refinaria Isaac Sabbá, com capacidade de 46.000 b/d; e o acordo para a venda da Lubnor, com capacidade de 8.000 b/d, para a Grepar Participações.
As negociações para a Refinaria Gabriel Passos (Regap), com capacidade de 166.000 b/d, estão em andamento, segundo executivos da Petrobras.
As vendas são parte de um amplo esforço do governo para abrir o segmento de downstream (refino, distribuição e revenda), visando maior competição.
Em meio ao impacto da alta do petróleo nos preços de combustíveis após o conflito entre Rússia e Ucrânia, o presidente Jair Bolsonaro demitiu dois presidentes da Petrobras neste ano por não atenderem ao apelo de evitar reajuste de preços nas refinarias.
Nathan Walters – Argus