Petrobras reduz preço do diesel em R$ 0,22 nas refinarias
A Petrobras anunciou nesta quinta-feira (11) uma nova redução no preço do óleo diesel nas refinarias. A medida, que entra em vigor nesta sexta (12), diminui o valor médio para as distribuidoras em R$ 0,22 –de R$ 5,41 para R$ 5,19.
É a segunda baixa consecutiva do diesel em agosto. Na semana passada, a estatal já havia cortado o preço em R$ 0,20 nas refinarias. Ou seja, a redução acumulada neste mês chegou a R$ 0,42.
O corte da semana passada foi o primeiro em mais de um ano. Até então, a última baixa nas refinarias havia ocorrido em maio de 2021, segundo a estatal.
A Petrobras citou os mesmos argumentos ao confirmar as duas reduções consecutivas. Conforme a estatal, os preços de referência no mercado internacional se estabilizaram em um patamar inferior para o diesel, o que permitiu a trégua nas refinarias.
"Essa redução [...] é coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado global, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio", disse a estatal em nota divulgada nesta quinta.
Segundo estimativa da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), o valor médio do diesel nas refinarias brasileiras estava 13% – ou R$ 0,60 – acima das cotações internacionais na abertura do mercado desta quinta.
Pressionado pela disparada da inflação, o governo Jair Bolsonaro (PL) busca diminuir a carestia dos combustíveis às vésperas das eleições. Em razão disso, analistas de mercado já manifestaram temor de interferência do presidente na Petrobras.
O ministro Ciro Nogueira (Casa Civil) compartilhou nas redes sociais o anúncio da nova redução do diesel, indicando que o governo está escrevendo "a carta que muda o Brasil para melhor".
Essa expressão ironiza a leitura de carta e manifestos pró-democracia nesta quinta no país. Bolsonaro já fez críticas a esse movimento, que ganhou força nas últimas semanas.
"Carta ao Povo Brasileiro: estamos escrevendo a Carta que muda o Brasil para melhor. Combustível mais barato, redução do preço do diesel! Deflação, aumento do emprego! Economia forte, Democracia forte! Parabéns Democrata Jair Bolsonaro!", escreveu o ministro no Twitter.
Ele, contudo, não citou indicadores que vêm afetando de maneira negativa os brasileiros, como o aumento da pobreza e da fome durante a pandemia.
Cenário dos Preços
Com o teto das alíquotas de ICMS (imposto estadual) sancionado em junho, a gasolina engatou uma sequência de queda nas bombas durante as últimas semanas.
O diesel, porém foi menos impactado pela redução do tributo. É que a maior parte dos estados já cobrava alíquotas menores do que o teto estabelecido pela nova lei.
Agora, com os sinais de trégua do petróleo no mercado internacional, o combustível usado em caminhões passou a ceder nas refinarias.
Bolsonaro foi alvo de críticas de caminhoneiros em razão da carestia nos últimos meses. Com a pressão às vésperas das eleições, o governo abriu os cofres e incluiu os motoristas em um pacote de medidas de auxílio iniciado neste mês.
Até o final de julho, o preço médio do diesel nos postos de combustíveis seguia acima de R$ 7, mais caro do que a gasolina, conforme pesquisa semanal da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
Até a manhã desta quinta, a ANP ainda não havia atualizado o levantamento com os dados do começo de agosto. O motivo para o atraso, diz a agência, foi uma tentativa de ataque cibernético aos seus sistemas. Os endereços foram retirados do ar.
No final de julho, a Petrobras chegou a sinalizar que não faria grandes cortes no preço do diesel no curto prazo, diante dos problemas de oferta global e da proximidade do inverno no hemisfério norte. A estação aumenta a demanda pelo combustível.
As incertezas sobre a oferta global, dizem analistas, ainda persistem. Isso, segundo eles, ameaça impedir uma queda mais robusta dos preços nos próximos meses.
Leonardo Vieceli – Folha de S.Paulo