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Negócio

Opep+ eleva produção de petróleo para o maior nível em 2 anos


BiodieselBR.com - 04 ago 2025 - 09:43

O cartel Opep+ (que reúne a Organização dos Países Exportadores de Petróleo mais outros grandes produtores) anunciou ontem a elevação de suas cotas de produção diária em mais 547 mil de barris a partir de setembro, revertendo a estratégia de quase dois anos com a qual tentou impulsionar preços ao deixar grande quantidade do produto fora do mercado.

A decisão põe fim a um acordo iniciado em janeiro de 2024, com o qual oito países-membros, liderados por Arábia Saudita, Iraque e Emirados Árabes, acertaram uma redução voluntária de 2,2 milhões de barris por dia, diante das preocupações com a ascensão dos veículos elétricos (VEs) e o menor crescimento da demanda chinesa.

No entanto, os cortes, que de início deveriam durar três meses, não foram suficientes para conter a tendência de queda nos preços e criaram tensões internas, depois de o cartel perder participação de mercado com o aumento de produção dos EUA, Brasil e Canadá.

Em dezembro, a Opep+ sinalizou que começaria a desfazer “gradualmente” os cortes a partir de março. Desde então, o grupo tem sido muito rápido, surpreendendo os operadores do mercado ao retomar o volume de oferta em um ritmo que o coloca cerca um ano à frente do cronograma inicial.

Isso inclui uma cota de produção diária adicional de 300 mil barris para os Emirados Árabes.

Como resultado, muitos analistas preveem que o mercado poderá sofrer de excesso de petróleo a partir do fim do ano. Recentemente, gigante francesa de petróleo TotalEnergies alertou para sua previsão de que em breve haverá petróleo “abundante”, em particular se houver uma desaceleração da economia mundial.

Até agora, o mercado tem absorvido os barris diários extras da Opep+, uma vez que a temporada de viagens do verão setentrional estimula a demanda. Entre abril e maio, a cotação do petróleo do tipo Brent caiu 19% para menos de US$ 60 por barril, uma vez que os operadores levaram em conta no preço a expectativa de aumento da oferta. Desde então, houve certa recuperação e o preço chegou a US$ 69 no fim desta semana. As cotações foram impulsionadas pela guerra entre Israel e Irã, que elevou os temores de interrupções repentinas no fluxo de petróleo, e pela nova série de acordos comerciais dos EUA.

Decisão põe fim a um acordo de janeiro de 2024, pelo qual membros, acertaram reduzir 2,2 milhões de b/d

O cartel ainda mantém em vigor outros dois acordos de redução das cotas de produção diária: um corte voluntário de 1,65 milhão de barris de oito integrantes e outro de 2 milhões de barris de todos os integrantes, que devem expirar no fim de 2026.

Agora, o grupo deverá discutir como reintegrar esse volume adicional de petróleo ao mercado, embora o ambiente em seu seminário de julho, em Viena, tenha sido de cautela quanto ao impacto disso. Um participante, que pediu para não ter o nome revelado, descreveu o clima como “bastante pessimista”.

A oferta pode começar a perder força em 2026 e 2027, à medida que a queda dos preços leve os produtores fora da Opep, encabeçados pelos EUA, a limitar seus aumentos de produção.

A firma de consultoria energética Rystad prevê que os países de fora da Opep aumentarão a produção diária em mais de 1,4 milhão de barris, em 2025; em mais 1,1 milhão, em 2026; mas apenas em 91 mil barris, em 2027.

A firma de análises Energy Aspects projeta uma desaceleração similar. Prevê um crescimento na produção diária de 1,1 milhão de barris em 2025, de 900 mil, em 2026, e de 300 mil, em 2027.

Nesta semana, analistas do Barclays escreveram em um relatório que, com a desaceleração do crescimento econômico, em particular do americano, eles veem “a necessidade de a Opep aumentar a produção” e acreditam “que a Opep poderia usar sua capacidade ociosa pela primeira vez em dez anos, o que poderia, em última análise, elevar os preços do petróleo”.

Malcolm Moore – Financial Times