Donos de postos dizem receber metade do diesel solicitado às distribuidoras em Ribeirão Preto
Donos de postos de combustíveis em Ribeirão Preto (SP) afirmam que têm recebido metade da quantidade de diesel comprada das distribuidoras desde o início de março.
Há duas semanas, a Ipiranga enviou um comunicado à rede de revendedores sobre mudanças na venda do produto diante da importação do suprimento e da disparada do preço do petróleo.
“A partir de hoje (8/3/22), para diesel, os pedidos do dia para o mesmo dia e a antecipação de pedidos serão submetidos à análise antes da liberação. Reforçamos que já estamos priorizando o atendimento dos pedidos da rede de revendedores Ipiranga e clientes empresariais com contrato em todo o Brasil e que, para os postos Ipiranga que colocarem pedidos dentro da habitualidade de compra, trabalharemos de forma diligente para manter a normalidade do fornecimento”, diz o comunicado.
Procurada nesta quarta-feira (23), a empresa informou que está ciente do cenário de suprimentos amplamente divulgado pela mídia e que trabalha para manter a regularidade do abastecimento.
Risco de desabastecimento
De acordo com o presidente do Sindicato Nacional das Distribuidoras de Combustíveis, Valdemar de Bortoli Júnior, o problema está na baixa capacidade de refino da Petrobras. Ele afirma que há um risco de desabastecimento no país.
O Brasil produz mais petróleo do que consome e se declara autossuficiente. Porém, devido ao tipo de petróleo extraído e a insuficiência na capacidade de refino, ainda precisa importar tanto petróleo cru quanto derivados como a gasolina.
“As refinarias da Petrobras não conseguem atender a capacidade de refino que a demanda exige no mercado, e realmente vai acontecer um desabastecimento. [Tenho] estoque para dois dias no máximo. Até as distribuidoras também estão recebendo cotas reduzidas da Petrobras. Então, a curto prazo, está problemática a situação”, diz o presidente do sindicato das distribuidoras.
Por causa da guerra na Ucrânia, o cenário do abastecimento fica ainda mais incerto. A Rússia, alvo de sanções econômicas, é o terceiro maior produtor de petróleo do mundo, atrás apenas dos EUA e da Arábia Saudita.
Segundo Bortoli, o risco de desabastecimento também existe para a gasolina, de novo por causa da deficiência de refino da Petrobras.
“As distribuidoras estão recebendo menos da metade do que vinham recebendo nos seus pedidos. O problema é o refino, a demanda sempre crescente. Após a pandemia, ela {demanda] está muito acelerada, e a Petrobras não fez investimento nas refinarias e elas não conseguem refinar o petróleo para atender o consumo interno.”
Procurada pelo g1, a Petrobras informou que está cumprindo integralmente suas obrigações contratuais junto às distribuidoras.
“Destaca-se, ainda, que atualmente o mercado brasileiro é atendido por diversos atores além da Petrobras (distribuidoras, importadores, refinadores, formuladores), que produzem e importam derivados com frequência e têm plena capacidade de atender demandas adicionais.”