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Pesquisa com glicerina recebe prêmio da Unesco


BiodieselBR.com - 29 jul 2011 - 02:46 - Última atualização em: 09 nov 2011 - 19:17

Uma pesquisa na área de reaproveitamento da glicerina que sobra da produção de biodiesel colocou à professora do Centro de Ciências Químicas, Farmacêuticas e de Alimentos da Universidade Federal de Pelotas (CCQFA/UFPel), Dra. Mariana Antunes Vieira, entre as premiadas na 6ª edição do Programa L’Oréal-ABC-Unesco para Mulheres na Ciência. As ganhadoras da edição 2011 do programa foram anunciadas na semana passada.

Criado em 1998 para destacar a participação feminina na área científica, o Programa L’Oréal-Unesco foi o primeiro prêmio internacional inteiramente dedicado ao reconhecimento das contribuições femininas para a ciência. A versão nacional da iniciativa é realizada desde 2006 e inclui – além das duas idealizadoras – a Academia Brasileira de Ciências (ABC).

Todos os anos, os trabalhos de sete jovens pesquisadoras brasileiras têm seus trabalhos destacados e recebem uma bolsa-auxílio no valor de US$ 20 mil. São elegíveis pesquisas nas áreas de Ciências Biomédicas, Biológicas e da Saúde, Ciências Físicas, Ciências Matemáticas e Ciências Químicas. Foi justo nessa última categoria que o trabalho da professora Vieira foi escolhido.

Formada em química pela Universidade Federal de Santa Catarina – onde também concluiu seu mestrado e doutorado – a professora Vieira está a menos de um ano trabalhando como docente e pesquisadora da Federal de Pelotas. Segundo ela sua vitória foi uma “surpresa extraordinária”. “Nós sempre precisamos de financiamento para as pesquisas que estamos desenvolvendo e, como eu já conhecia o prêmio, resolvi arriscar a inscrição. Mandei até sem muita convicção porque é um prêmio de alcance nacional e o meu projeto não é relativamente simples”, diz, esbanjando modéstia.

O projeto “simples” da pesquisadora ataca a um dos maiores nós da indústria do biodiesel: o que fazer com toda a glicerina que é produzida durante o processo de fabricação deste biocombustível. Aproximadamente 10% de toda a matéria-prima que é utilizada nas usinas de biodiesel, acaba saindo de lá na forma de glicerina. Considerando que no ano passado a demanda brasileira de biodiesel superou a casa dos 2,4 bilhões de litros, nada menos que 240 milhões de litros do coproduto foram despejados no mercado brasileiro.

Como se encontrar um destino para toda essa glicerina já não fosse um grande desafio, também se deve pensar que a substância produzida junto com o biodiesel também precisa ter qualidade. O processo de transesterificação pode carregar muitas impurezas e controlar os níveis de contaminação é fundamental para encontrar novos usos.

De acordo com a pesquisa, os contaminantes realmente perigosos são os de origem orgânica (que incluem traços de metanol), enquanto o trabalho dela se debruça mais sobre as contaminações inorgâncias.

Segundo ela, a parte inorgânica dos contaminantes tem origem nos catalisadores usados no processo de produção do biodiesel. “A glicerina pode apresentar contaminação por diversos metais, mas os mais problemáticos são o sódio e potássio, porque o hidróxido de sódio e o hidróxido de potássio podem ser usados como catalisadores. Nossa pesquisa diz respeito ao controle das quantidades desses metais na glicerina”, explica. Ela acrescenta que essa é uma parte fundamental para que o material possa ser aproveitado como matéria-prima pelas indústrias de cosméticos e de alimentos. “Dependendo da concentração que você tiver desses metais em um cosmético, eles podem, por exemplo, provocar alergias”, completa.

O próximo passo do projeto da pesquisadora é iniciar um monitoramento da glicerina que está sendo produzida nas usinas de biodiesel instaladas no Rio Grande do Sul. “Eu já entrei em contato com algumas delas e vamos fazer uma coleta de amostras”.

A entrega dos prêmios do Programa L’Oréal-ABC-Unesco para Mulheres na Ciência deverá acontecer em setembro na cidade do Rio de Janeiro. O dia ainda não foi marcado.

Fábio Rodrigues - BiodieselBR.com

Tags: Glicerina